O que está acontecendo com o Xbox? Essa é a pergunta que muita gente vem se fazendo depois das declarações de Laura Fryer, uma das criadoras do primeiro Xbox e produtora executiva dos dois primeiros jogos da famosa franquia Gears of War.
Com anos de experiência nos bastidores da Microsoft, ela compartilhou uma opinião sincera e preocupada sobre o futuro do Xbox — ao dizer que: "o hardware do Xbox está morto".
Tudo isso veio à tona após a revelação de um novo console portátil feito pela ASUS, o ROG Ally, em parceria com a própria Microsoft. Em um vídeo chamado "O Futuro do Xbox", Fryer não poupou palavras.
Segundo ela, a empresa está abandonando tudo aquilo que fez o Xbox ser amado pelos jogadores, principalmente aqui no Brasil, onde o console sempre teve uma comunidade fiel.
De acordo com Fryer, o grande problema desse novo aparelho é que não há motivo para alguém comprá-lo. Isso porque ele roda uma versão reduzida do Windows, assim como o primeiro Xbox já fazia.
Ou seja, não tem nada realmente novo ou exclusivo. Além disso, os jogos que rodam nele podem ser jogados em qualquer outro lugar: no PC, em outros consoles e até no celular.
E o que era antes o grande diferencial do Xbox — os jogos exclusivos — praticamente deixou de existir. Hoje, qualquer jogo que sai para Xbox também chega no PC, e às vezes até em plataformas concorrentes, como o PlayStation ou o Nintendo Switch.
Outro ponto que Laura destacou foi a demora absurda no lançamento dos jogos. Durante a última apresentação da Microsoft, títulos muito aguardados como State of Decay 3, Perfect Dark e Fable nem foram mencionados.
Muitos desses jogos estão em produção há mais de 5 anos e ainda não têm data de lançamento. Para ela, isso mostra que o Xbox perdeu sua capacidade de entregar jogos em larga escala.
Não é mais como antes, quando a empresa conseguia lançar grandes títulos com qualidade e agilidade. Hoje, falta gente capacitada e um processo de produção eficiente. E para quem já fez parte da fundação do Xbox, isso é motivo de tristeza.
"É triste ver todo o valor que ajudei a construir sendo jogado fora. Parece que a Microsoft não quer — ou não consegue mais — fabricar hardware. Tudo aponta para uma saída lenta desse mercado", afirmou Fryer.
Segundo ela, o foco agora é empurrar os jogadores para o Game Pass, o serviço de assinatura da Microsoft que permite jogar centenas de títulos por uma taxa mensal.
Um bom serviço, sem dúvida, mas que, aos olhos de muitos fãs, não substitui o prazer de ter um console forte, inovador e exclusivo.
Xbox está realmente acabando?
Apesar das críticas duras, é bom lembrar que a Microsoft ainda tem planos de lançar um novo console, em parceria com a AMD. O aparelho de nova geração seria o sucessor do Xbox Series X.
Então, mesmo que o hardware pareça estar "morrendo", talvez ainda não seja o fim completo da linha. Mas o sentimento de abandono é real. E não é só Laura Fryer que pensa assim.
Outro ex-executivo também critica o Xbox
Mike Ybarra, que já foi vice-presidente da divisão Xbox e presidente da Activision Blizzard, também disse estar insatisfeito nas redes sociais. Em uma publicação no X (antigo Twitter), ele escreveu:
"É difícil ver o Xbox tão perdido sobre quem é e o que quer ser. Ainda tem gente boa lá. Eles precisam descobrir o que precisa mudar... e rápido."
Quando um seguidor disse que o "ecossistema e o console ainda existem", Ybarra respondeu de forma direta:
"Você está se iludindo. Pergunte a qualquer pessoa na rua o que é Xbox, e 99% vai dizer que é um console. Essa é a identidade. Ponto."
Essas palavras reforçam a ideia de que a empresa está tentando mudar radicalmente a identidade do Xbox, deixando de ser um console para virar uma "plataforma acessível em qualquer lugar".
Uma ideia ousada, mas que para muitos fãs parece mais como uma derrota definitiva para o PlayStation e o Nintendo Switch, que continuam firmes com consoles bem estabelecidos e exclusivos fortes.
Diante de tudo isso, fica a dúvida sobre se o Xbox está mesmo acabando, ou só mudando de direção. Para quem ama videogames e cresceu com os consoles da Microsoft, é difícil aceitar essa mudança tão brusca.
O Xbox sempre foi símbolo de inovação, gráficos de ponta e jogos inesquecíveis. Mas agora, com o foco total em serviços e acessibilidade, parece estar perdendo a alma que o fez conquistar tantos brasileiros.
A verdade é que a identidade do Xbox está em crise. E se a empresa não tomar cuidado, pode acabar apagando um legado que levou décadas para ser construído.