A Apple parece ter desistido de investir sozinha no grande projeto de reformular a Siri. Segundo o jornalista Mark Gurman, da Bloomberg, a empresa fechou um acordo com o Google para que o novo sistema da assistente virtual use um modelo de inteligência artificial (IA) baseado no Gemini, tecnologia avançada desenvolvida pela própria Google.
De acordo com o relatório de Gurman, publicado em sua newsletter Power On, a Apple agora paga ao Google para criar uma versão sob medida do Gemini que será usada dentro do Private Cloud Compute, o sistema que processa dados de forma privada e segura na nuvem da Apple.
Nesse modelo, tarefas simples continuarão sendo feitas direto no iPhone, iPad ou Mac, aproveitando o chip do próprio aparelho.
Já as tarefas mais complexas, que exigem mais poder de processamento, serão enviadas para servidores privados da Apple — de forma criptografada e sem armazenar informações pessoais. A reformulação da Siri vai incluir três partes principais:
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- Planejador de consultas (Query Planner): é o "cérebro" da Siri, responsável por decidir o melhor caminho para atender um pedido do usuário. Pode envolver uma busca na internet, o acesso a dados pessoais como calendário e fotos, ou até o uso de apps de terceiros por meio do sistema App Intents, que faz a Siri interagir com outros aplicativos sem precisar abri-los.
- Sistema de busca de conhecimento (Knowledge Search System): trará uma base de dados própria para responder perguntas gerais e curiosidades, sem depender do ChatGPT ou de buscas online.
- Ferramenta de resumo (Summarizer): um recurso central do projeto Apple Intelligence, que vai usar modelos de IA — inclusive o ChatGPT — para resumir textos, áudios, notificações, e-mails, páginas da web e mensagens.
Dentro da estrutura do Apple Intelligence, o processamento feito no dispositivo usará tanto os modelos desenvolvidos pela Apple quanto modelos de terceiros integrados.
Quando o pedido for mais complexo, a Siri enviará a tarefa para os servidores da empresa, onde o modelo Gemini personalizado do Google fará o processamento. Essa mudança surge depois de meses de dificuldades internas.
Segundo a Bloomberg, engenheiros da Apple vinham tendo problemas para fazer a Siri funcionar de forma confiável entre diferentes aplicativos e em tarefas mais sensíveis, como operações bancárias.
A nova estratégia parece ser uma tentativa da Apple de preencher as lacunas de conhecimento em IA dentro da própria equipe.
Mesmo com a ajuda do Google, a Apple deve continuar apresentando a nova Siri como uma tecnologia "100% Apple", com design e infraestrutura próprios.
A Apple trabalha para lançar novos recursos do Apple Intelligence com a atualização iOS 26.4, prevista para a primavera de 2026. Entre as principais novidades que devem chegar estão:
- Ações dentro de apps: a Siri poderá executar comandos dentro de aplicativos compatíveis, como adicionar itens à lista de compras, enviar mensagens ou tocar músicas.
- Consciência de contexto pessoal: a assistente vai usar informações pessoais, como mensagens, para oferecer respostas mais úteis — por exemplo, encontrar um podcast citado em uma conversa.
- Entendimento da tela (On-Screen Awareness): a Siri será capaz de compreender o que está sendo exibido e agir com base nisso.
O iOS 26 já possui várias funções de IA, incluindo:
- Tradução em tempo real no app Mensagens e em chamadas do FaceTime.
- Fundos de conversa personalizados no Mensagens com o Image Playground.
- Resumos de correios de voz.
- Tradução ao vivo com os AirPods.
- Atalhos dedicados para ações com IA.
- Integração de apps de terceiros aos modelos da Apple.
- Criação de imagens personalizadas no Image Playground com o ChatGPT.
- Mistura de emojis para gerar Genmojis.
- Inteligência visual para capturas de tela.
- Resumos de notificações.
Segundo Gurman, além dessas funções, a Apple também deve anunciar atualizações maiores no iOS 27, durante a WWDC (Worldwide Developers Conference) em junho de 2026.
Essa parceria marca um ponto importante na relação entre duas gigantes que, historicamente, competem em quase tudo. Agora, o futuro da Siri — e da inteligência artificial da Apple — depende, em parte, da tecnologia desenvolvida pelo Google.








