A Huawei, gigante tecnológica chinesa, pode estar bolando uma estratégia para atrair engenheiros da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), oferecendo remunerações muito maiores.
A escassez de recursos humanos especializados se tornou um fator determinante na corrida tecnológica global, principalmente no desenvolvimento de semicondutores avançados, onde a mão de obra é tão importante quanto as tecnologias.
Apesar de avanços no desenvolvimento do processo de 5nm, a Huawei e a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC) enfrentam barreiras para escalar a produção devido à falta de maquinário avançado de litografia EUV, necessário para a produção em massa de wafers.
Esse maquinário, controlado por sanções norte-americanas, impede que empresas chinesas o adquiram trazendo grandes prejuízos para o seu funcionamento.
Essa situação fez com que a Huawei intensificasse sua busca por talentos com conhecimento técnico, agora a empresa parece estar interessada nos engenheiros da TSMC, líder global na fabricação de chips avançados.
Tentativas de recrutamento
Para atrair esses engenheiros, a Huawei estaria oferecendo salários que chegam a ser três vezes superiores aos pagos pela TSMC. Porém, há aspectos complexos envolvidos.
Muitos engenheiros recebem mensagens de recrutamento periódicas de agências ligadas à Huawei, mas entrar para uma empresa chinesa pode ter grandes riscos para suas carreiras futuras.
"Há um risco evidente de exclusão futura do mercado taiwanês para quem optar pela Huawei", segundo o Le Monde.
Além disso, as empresas chinesas utilizam, em alguns casos, agências de "análise de dados" que atuam como uma fachada para o verdadeiro objetivo de atração de talentos.
Para o governo taiwanês, essas práticas de recrutamento são ameaças à segurança nacional e à soberania econômica, sendo alvo de investigações conduzidas pelo Bureau de Investigação de Justiça de Taiwan.
Condições de trabalho e possíveis consequências
Ainda que os altos salários oferecidos pela Huawei sejam atraentes, o ambiente de trabalho e as condições impostas aos funcionários ainda são motivos de incerteza.
Além dos desafios normais da transição para um novo emprego, há a possibilidade de sobrecarga e pressão para atender metas da Huawei.
Com isso, muitos profissionais podem pensar duas vezes antes de aceitar tais propostas, temendo que as exigências sejam intensas, sem perspectivas de retorno ao mercado de Taiwan.
A guerra dos talentos e a questão geopolítica
Esse movimento de recrutamento agressivo reflete as tensões crescentes entre China e Taiwan, ampliadas pelo avanço da indústria de semicondutores.
A disputa vai além da questão econômica, entrando no campo da geopolítica e envolvendo o domínio tecnológico, principalmente nessa região onde os dois países se encontram.
Com a Huawei buscando reduzir sua dependência de fornecedores estrangeiros, essa "guerra de talentos" é vista como uma das vias para alcançar uma posição de independência tecnológica em um contexto de restrições internacionais.
Possíveis repercussões na indústria de semicondutores
A resposta de Taiwan e da TSMC para proteger seus talentos pode influenciar o futuro do setor global de semicondutores.
À medida que o conhecimento técnico se torna um ativo estratégico, novas regulações e políticas de retenção de talentos são previstas para evitar a "fuga de cérebros".
Esses profissionais, que possuem conhecimentos técnicos importantes, se tornaram peças-chave na manutenção da liderança taiwanesa no setor.