A indústria de semicondutores tem sido uma área de grande interesse no cenário global quando se trata da disputa tecnológica entre Taiwan e China.
De acordo com Cheng-Wen Wu, presidente do Conselho Nacional de Ciência de Taiwan, a China estaria cerca de 10 anos atrás da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) no desenvolvimento de chips avançados, particularmente na tecnologia de 2 nanômetros.
Essa informação foi compartilhada durante uma sessão na legislatura de Taiwan, onde Wu foi questionado sobre as recentes reportagens que sugeriam que a China estaria diminuindo essa distância tecnológica.
Wu aponta que a TSMC planeja iniciar a produção em massa de chips com tecnologia de 2nm em 2025, o que consolidaria ainda mais a liderança de Taiwan no setor de semicondutores.
Segundo ele, "a diferença entre a China e Taiwan deve ser de dez anos ou mais" em relação à fabricação de chips avançados.
A vantagem da TSMC na corrida dos semicondutores
Os lançamentos mais recentes de smartphones da Huawei, como o modelo Pura 70, geraram bastante atenção por conterem processadores de 7 nanômetros, supostamente fabricados pela SMIC (Semiconductor Manufacturing International Corporation), principal fabricante de chips da China.
Esses avanços despertaram discussões sobre as sanções impostas pelos EUA, que miram especificamente chips de 7nm ou menores.
Mesmo com essas sanções, a China parece estar avançando, mas o ministro Wu duvida que o país tenha conseguido alcançar o nível de Taiwan.
A TSMC, conhecida por ser a principal fornecedora global de chips, já produzia chips de 7nm em larga escala desde 2018.
A empresa avançou ainda mais, atingindo a tecnologia de 5nm e agora está próxima de iniciar a produção dos chips de 2nm, consolidando sua liderança.
O poder das máquinas de litografia EUV da TSMC
Um dos principais fatores que garantem a liderança da TSMC é o uso de máquinas avançadas de litografia ultravioleta extrema (EUV), fabricadas pela empresa holandesa ASML.
Essas máquinas são fundamentais para a fabricação de chips de alta tecnologia, como os de 7nm, e a TSMC começou a usá-las desde 2018.
Agora, a empresa está se preparando para utilizar uma versão ainda mais avançada dessas máquinas, chamada High NA EUV, necessária para fabricar os chips mais complexos e com menores dimensões.
O uso dessas tecnologias avançadas não só permite à TSMC produzir semicondutores mais potentes, mas também ajuda a manter a distância entre Taiwan e seus concorrentes.
Sem acesso às mesmas máquinas e tecnologias, como a EUV da ASML, fabricantes de outros países, incluindo a China, terão muita dificuldade para alcançar esse nível de produção.
China foca em tecnologias mais antigas
Apesar de todos os esforços da China para avançar na tecnologia de ponta, o país continua investindo massivamente em semicondutores automotivos e industriais, que utilizam tecnologias mais antigas.
Esses chips, apesar de serem menos avançados, são essenciais para muitas indústrias e, por isso, a China busca desenvolver uma cadeia de suprimentos doméstica que atenda à maior parte de suas necessidades.
A decisão de focar em tecnologias mais estabelecidas também reflete uma estratégia para fortalecer a independência tecnológica da China, mesmo que, por enquanto, o país ainda dependa de tecnologias mais avançadas de outros mercados.
A disparidade entre Taiwan e China no desenvolvimento de semicondutores é clara, principalmente quando se observa a diferença em tecnologia e maquinário.
Enquanto a TSMC avança para a produção de chips de 2nm, a China ainda está focada em alcançar a produção em larga escala de semicondutores de 7nm, sem contar com o mesmo nível de acesso a máquinas essenciais para esse processo.
Assim, de acordo com o ministro Cheng-Wen Wu, a China pode estar pelo menos uma década atrás da Taiwan nessa corrida.