Ubisoft Halifax aprova sindicato e se junta ao CWA Canada

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Mais um estúdio da indústria de games decidiu seguir o caminho da sindicalização na América do Norte. Desta vez, a equipe da Ubisoft Halifax, no Canadá, aprovou por ampla maioria a criação de um sindicato que representa todos os cargos do estúdio.

Segundo a votação interna, 74% dos funcionários foram favoráveis à adesão ao CWA Canada Local 30111, o mesmo sindicato que já reúne profissionais da Bethesda Game Studios Montreal e da redação do jornal Montreal Gazette.

O anúncio foi feito por meio de um comunicado oficial publicado no site do CWA Canada. Com a decisão, cerca de 60 trabalhadores da Ubisoft Halifax passam a integrar o Local 30111.

O grupo inclui profissionais de diferentes áreas do estúdio, como produção, programação, design, arte, pesquisa e testes de desenvolvimento.

Em um texto divulgado junto ao anúncio, o estúdio afirma que a sindicalização não surge como um movimento contra a Ubisoft, mas como uma iniciativa conjunta.

A proposta, segundo o comunicado, é manter o estúdio como um espaço de equidade, qualidade técnica e desenvolvimento criativo.

O posicionamento ocorre em um momento de instabilidade para a indústria de jogos. O próprio texto menciona fechamentos de estúdios, demissões em massa e um cenário cada vez mais incerto.

Para a equipe de Halifax, a ideia é demonstrar um compromisso coletivo com o trabalho e com a atividade criativa, partindo do entendimento de que a criação funciona melhor quando os profissionais se sentem seguros, amparados e com voz ativa.

A movimentação se soma a outros casos recentes. Na semana anterior, a id Software aprovou a formação de um sindicato com a adesão de 165 desenvolvedores ao CWA.

Em 2025, o setor também acompanhou o acordo firmado entre o sindicato de QA da ZeniMax e a Microsoft após dois anos de negociações, além da sindicalização de cerca de 450 desenvolvedores ligados à franquia Diablo e quase 200 profissionais da equipe de Overwatch 2, na Blizzard.

A decisão da Ubisoft Halifax reflete um clima de apreensão que se espalha pelo setor. Mesmo após a Microsoft negar rumores sobre um possível encerramento da plataforma Xbox, o volume de cortes realizados recentemente na divisão de games da empresa ajuda a explicar por que esse tipo de questionamento passou a ser comum.

O simples fato de essa dúvida ganhar espaço já sinaliza um momento delicado para o mercado. A própria Ubisoft realizou três rodadas de demissões ao longo de 2025.

A primeira ocorreu em janeiro, no estúdio Ubisoft Leamington, no Reino Unido. Depois, houve cortes na Ubisoft RedLynx, conhecida pela série Trials, e também na Massive Entertainment, responsável por títulos como The Division, Star Wars Outlaws e Frontiers of Pandora.

Com a aprovação do sindicato, a equipe da Ubisoft Halifax inicia agora o processo de negociação de um acordo coletivo com a empresa.

Em declaração oficial, a presidente do CWA Canada, Carmel Smyth, afirmou que o próximo passo será trabalhar em um primeiro contrato que reconheça o talento e a dedicação dos profissionais do estúdio. O CWA Canada também tem atuado em outras frentes no país.

A entidade pediu que o Competition Bureau Canada avalie com atenção o acordo de compra da Electronic Arts, com foco na proteção de desenvolvedores e consumidores canadenses sob o ponto de vista trabalhista e de segurança.

Além disso, o sindicato organizou um protesto em frente ao estúdio Rockstar Toronto em apoio aos 34 funcionários demitidos pela empresa em outubro.

Essas demissões atingiram trabalhadores no Reino Unido e no Canadá, sendo 31 no território britânico e três em Toronto. Desde então, a Rockstar passou a ser alvo de acusações de práticas contra a organização sindical.

A empresa nega e afirma que os desligamentos ocorreram porque os funcionários estariam discutindo e compartilhando informações confidenciais, incluindo detalhes de jogos ainda não anunciados, em fóruns públicos.

Durante o protesto, o site Wccftech conversou com manifestantes e com um dos três profissionais desligados em Toronto.

Representantes do CWA Canada e o ex-funcionário afirmam que as conversas ocorriam em um servidor privado no Discord, restrito a funcionários e representantes sindicais, com foco em condições de trabalho e organização interna.

Nasr Ahmed, um dos representantes do CWA Canada envolvidos na mobilização, contestou a versão apresentada pela empresa.

Segundo ele, não houve apresentação de provas que sustentem as acusações, nem no Canadá nem no Reino Unido. Ahmed também afirmou que discutir direitos trabalhistas e condições de trabalho não viola a legislação dos dois países.

Um dos profissionais desligados da Rockstar Toronto relatou que o espaço era usado principalmente para conversas sobre o ambiente de trabalho, com eventuais interações sociais, e que havia um processo rigoroso de verificação para entrada no servidor.

Ele afirmou ainda que o grupo apenas buscava melhorias internas e demonstrou frustração com a demissão após tanto envolvimento no desenvolvimento do jogo.

Romário Leite
Fundador do TecFoco. Atua na área de tecnologia há mais de 10 anos, com rotina constante de criação de conteúdo, análise técnica e desenvolvimento de código. Tem ampla experiência com linguagens de programação, sistemas e jogos. Estudou nas universidades UNIPÊ e FIS, tendo passagem também pela UFPB e UEPB. Hoje, usa todo seu conhecimento e experiência para produzir conteúdo focado em tecnologia.