Recentemente, o Google implementou mudanças nas suas Visões Gerais de IA após o lançamento desse recurso ter gerado respostas "estranhas e errôneas" nos resultados das pesquisas.
Introduzidas na conferência anual de desenvolvedores de I/O do Google, as Visões Gerais de IA passaram a ser uma mudança importante na forma como o Google apresenta informações.
Quando os usuários buscam informações sobre determinados tópicos, uma caixa de texto gerada por IA aparece no topo dos resultados, acompanhada de links para sites externos. Os resultados tradicionais ficam logo abaixo.
Liz Reid, vice-presidente do Google, explicou no blog da empresa que essas respostas são geradas pelo modelo de linguagem da empresa, o Gemini, com uma visão geral rápida sobre um tópico e links para mais informações.
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Alex Joseph, especialista em tecnologia do Google, afirmou à ABC Audio que as Visões Gerais de IA são capazes de responder a perguntas mais complexas do que uma pesquisa tradicional, sintetizando informações de várias fontes e oferecendo respostas rápidas e concisas.
Chris Stokel-Walker, jornalista de tecnologia, reconhece essa praticidade na ferramenta, mas aponta para a dificuldade que isso gera na verificação da precisão das informações.
Um dos maiores desafios da tecnologia de IA generativa, tanto do Google quanto de outros, são as chamadas "alucinações" — quando a IA gera informações imprecisas ou não confiáveis.
Exemplos incluem conselhos absurdos como comer uma pedra por dia ou misturar cola no molho de tomate para fazer o queijo grudar na pizza, além de erros históricos como afirmar que Andrew Jackson, sétimo presidente dos EUA, formou-se em 2005.
Google busca corrigir falhas em seu modelo de IA integrado a pesquisa
Em resposta a essas falhas, o Google implementou mais de uma dúzia de melhorias técnicas. Entre elas estão a limitação do uso de conteúdo gerado por usuários e páginas satíricas, principalmente aquelas com tópicos sensíveis como saúde.
Liz Reid destacou que as Visões Gerais de IA geralmente não "alucinam" como outros modelos de linguagem, mas ainda podem interpretar mal consultas ou nuances linguísticas, ou simplesmente ter falta de informações.
Impacto na receita e no tráfego web
A priorização das Visões Gerais de IA pelo Google pode alterar o tráfego e a receita dos sites. Stokel-Walker observou que essa mudança pode reduzir o número de visitantes e, consequentemente, a receita publicitária dos sites.
Ironicamente, o Gemini, modelo utilizado pelo Google, depende dos mesmos sites que agora aparecem menos proeminentes nos resultados de busca.
No entanto, o Google afirma que seus testes mostram um aumento nos cliques em links incluídos nas Visões Gerais de IA.
O Google está expandindo seus recursos baseados em IA para competir com empresas como a OpenAI, que estão desenvolvendo tecnologias de IA generativa que ameaçam o modelo de negócios principal do Google.
Segundo C. Scott Brown, do site Android Authority, a rápida implementação dessas tecnologias é preocupante, mas necessária para manter a competitividade.
"E a razão pela qual está fazendo isso é porque parece que é necessário. Ele tem que acompanhar as empresas especialmente como a OpenAI, por exemplo que estão criando tecnologias generativas de IA que estão ameaçando o negócio principal do Google, que é fornecer informações às pessoas através da pesquisa do Google e, assim, entregando-lhes anúncios que permitem ao Google ganhar bilhões e bilhões de dólares", disse Brown.
"Com o Google vendo essas coisas como uma ameaça, ele não pode simplesmente descansar. Ele não consegue descobrir como fazer isso de forma limpa e correta", acrescentou Brown. "Só tem que fazer isso."
Via: ABC News, CNET, Wired, SearchEngineLand