O Galaxy Z TriFold marca a estreia de um novo formato no mercado de smartphones dobráveis, mas a Samsung não trata o aparelho como um produto feito para grandes volumes.
A empresa adota uma postura cautelosa porque sabe que um celular com três dobras exige um nível de cuidado muito maior na fabricação e na inspeção.
Para alcançar uma resistência próxima à dos modelos com apenas uma dobra, o processo precisa ser mais lento e minucioso, o que limita diretamente a quantidade de unidades produzidas.
Aumentar a produção do Galaxy Z TriFold significaria abrir espaço para falhas de fabricação e elevar custos operacionais.
Por isso, a Samsung prefere manter volumes reduzidos e aceitar componentes mais caros, em vez de arriscar problemas de qualidade que possam afetar sua imagem.
Cada unidade colocada no mercado passa por um processo de montagem bastante controlado, com foco total na durabilidade. Os números de vendas ajudam a entender essa estratégia.
O primeiro lote do Galaxy Z TriFold esgotou em cerca de cinco minutos, enquanto o segundo acabou em apenas dois. Apesar disso, a rápida saída não indica uma demanda massiva.
Segundo o jornal sul-coreano The Korea Herald, estimativas da indústria apontam que a Samsung vendeu entre 3 mil e 4 mil unidades até agora. A expectativa é que o total global não ultrapasse algo entre 30 mil e 40 mil aparelhos.
Esse volume é muito baixo quando comparado ao desempenho do Galaxy Z Fold 7 e do Galaxy Z Flip 7, modelos que tiveram aceitação bem maior e até levaram a empresa a pagar um bônus de 75% do salário-base aos funcionários da divisão Mobile Experience.
No caso do TriFold, a prioridade não está no lucro imediato, mas na proteção da marca. Produzir mais aparelhos poderia gerar defeitos em escala maior, o que aumentaria gastos e riscos.
Curiosamente, manter a produção limitada também encarece os componentes. Esse cenário explica algumas escolhas técnicas do modelo final. A Samsung optou pelo Snapdragon 8 Elite, e não pela versão mais recente da Qualcomm, o Snapdragon 8 Elite Gen 5.
Além disso, protótipos chegaram a ser testados com quatro câmeras principais, mas a versão comercial saiu com três, o que indica ajustes no projeto para conter custos.
O conjunto de dois mecanismos de dobra e vários painéis OLED avançados faz o custo de materiais subir rapidamente. A situação fica ainda mais complexa com a escassez de memória DRAM, um problema que, segundo previsões do setor, deve seguir até o quarto trimestre de 2027.
Durante a apresentação do produto, Lim Sung-taek, vice-presidente e chefe da Samsung Electronics Korea, afirmou que o preço final foi definido "após cortar e cortar novamente", sinalizando margens muito apertadas em cada unidade vendida.
Com o tempo, a expectativa é que essa tecnologia amadureça e permita um aumento gradual na produção. Por enquanto, a Samsung segue com uma estratégia conservadora, focada em controle de qualidade e proteção da reputação, mesmo que isso signifique vender poucas unidades do Galaxy Z TriFold.








