Apple e Google falham em barrar apps de entidades sancionadas pelos EUA

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Por décadas, a Apple construiu uma imagem de empresa rigorosa na gestão do seu ecossistema. Só que um novo relatório coloca essa reputação em dúvida ao mostrar como a companhia tratou a presença de aplicativos ligados a entidades sancionadas pelos Estados Unidos.

Segundo o Tech Transparency Project (TTP), a loja da Apple acumulou 52 aplicativos de grupos que estão na lista de sanções do governo norte-americano, enquanto o Google Play somou 18 apps do mesmo tipo.

O levantamento identificou softwares de instituições financeiras russas, como o Gazprombank e o National Standard Bank, alvos do Departamento do Tesouro por ligação com a guerra na Ucrânia.

Também foram encontrados apps associados ao Xinjiang Production and Construction Corps (XPCC), da China, órgão citado em ações relacionadas ao tratamento da minoria uigur.

Para chegar aos resultados, o TTP baixou a lista completa de pessoas e organizações classificadas como Specially Designated Nationals (SDNs) pelo Tesouro dos EUA.

Depois, removeu sufixos corporativos — como Inc. e LLC — e rodou um script em Python para buscar cada nome nos domínios apps.apple.com e play.google.com. A equipe também fez buscas manuais.

O processo levou à identificação de 52 apps na App Store e 18 no Google Play. Após receber os dados, o Google retirou quase todos, mantendo apenas um ativo.

Já a Apple retirou 35 aplicativos, enquanto outros 17 desapareceram durante o próprio período de análise, que vai do meio de 2025 até novembro do mesmo ano.

A Apple já havia sido multada pelo governo americano em 2019 por não remover um app ligado a um traficante esloveno que também constava na lista de sanções.

O acordo na época ficou em US$ 466.912, acompanhado da promessa de aprimorar os sistemas internos que filtram esse tipo de risco. Esse novo relatório mostra que o controle aplicado à App Store ainda tem brechas.

Isso surge num momento delicado para a empresa, que já vê a loja perder força na Europa com a entrada de lojas paralelas autorizadas por regras locais. O estudo do TTP adiciona mais pressão a esse cenário.

Romário Leite
Fundador do TecFoco. Atua na área de tecnologia há mais de 10 anos, com rotina constante de criação de conteúdo, análise técnica e desenvolvimento de código. Tem ampla experiência com linguagens de programação, sistemas e jogos. Estudou nas universidades UNIPÊ e FIS, tendo passagem também pela UFPB e UEPB. Hoje, usa todo seu conhecimento e experiência para produzir conteúdo focado em tecnologia.