Google e Microsoft voltam a processar um ao outro novamente

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Após um acordo discreto para resolver suas diferenças que durou cinco anos, as gigantes da tecnologia voltaram a se atacar novamente.

O pacto de não agressão, assinado há cinco anos pelas duas empresas para deixar de lado suas inúmeras ações judiciais, foi encerrado e pode reviver antigos processos sobre monopólio das duas empresas.

Além deste pacto, foi organizado um processo onde as empresas poderiam resolver conflitos internos a portas fechadas, antes de recorrer a intervenção de órgãos reguladores.

Durante esse tempo, as duas empresas discutiram sobre uma série de questões, incluindo se os motores de busca deveriam pagar editores de notícias.

Mas, aparentemente a Microsoft chegou ao fim do acordo quando sentiu que o Google não estava jogando limpo em tecnologia de publicidade.

Antes do fim, ambas empresas tentaram resolver o impasse por meio de uma série de negociações escalonadas, conforme estabelecido no acordo.

De acordo com um relatório, o assunto chegou ao escritório central das empresas, com os CEOs Satya Nadella e Sundar Pichai mantendo uma série de conversas que não chegaram a uma solução.

Maiores detalhes não foram revelados. Mas, tudo indica que a falta de uma resolução é o que aparentemente levou a quada do acordo.

As duas empresas enfrentam problemas com a tecnologia de anúncios desde 2018, três anos após o acordo.

Na época, a Microsoft havia reclamado que o Google não estava se esforçando para oferecer suporte a alguns dos novos formatos de anúncios do Bing em uma de suas ferramentas de gerenciamento de anúncios, o Search Ads 360.

Isso se agravou quando o Google foi acusado de favorecer sua própria plataforma em leilões automatizados para reservar espaço de anúncios.

Além disso, nenhuma ferramenta parecida está disponível para anunciantes que desejam reservar espaço no Bing. Como resultado, os anunciantes acharam mais fácil comprar anúncios no Google

Outros mecanismos de pesquisa que dependem do Bing também estão sendo afetados, incluindo DuckDuckGo, Yahoo e Ecosia.

"Levantamos as preocupações com eles, e eles simplesmente fizeram ouvidos moucos", disse o presidente da Microsoft, Brad Smith, no início deste ano.

De acordo com Brad Smith, as decisões do Google de não trabalhar com o Bing, custa à empresa centenas de milhões de dólares por ano em receita publicitária.

Quando as duas empresas assinaram o pacto em setembro de 2015, elas estavam envolvidas em 18 ações judiciais que variavam de rede de celular à compressão de vídeo, mensagens SMS e outros.

A aquisição da Motorola Mobility pelo Google em 2011, proporcionou um amplo portfólio de patentes a gigante das buscas que desencadeou uma série de processos e colocou o Google na ofensiva contra a Microsoft.

Em resposta, a Microsoft, processou o Google por infringir patentes relacionadas à remontagem de mensagem SMS com mais de 160 caracteres e por patentes relacionadas à compressão de vídeo originalmente desenvolvida para o Xbox.

Quando decidiram não cooperar, as duas empresas iniciaram a abertura de processos antimonopólio adicional em autoridades antitruste.

Como o pacto de não agressão tentou evitar confrontos antes que eles chegassem aos reguladores, as autoridades antitruste tinham menos reclamações formais para recorrer ao abrir investigações ou entrar com ações judiciais.

Mas sem o pacto em vigor, a Microsoft e o Google são livres para reclamar um do outro para os reguladores ou políticos que ouvirem. E parece que já há alguns processos em andamento.

A Microsoft entrou com ações em reguladores do Reino Unido no ano passado sobre seus problemas com a incapacidade do Search Ads 360 de acompanhar os formatos de anúncios do Bing.

Ela também reclamou que o Google estava fornecendo detalhes de lances mais rapidamente para anúncios em seu próprio mecanismo de busca.

Essa reclamação é semelhante a uma apresentada pela Autoridade da Concorrência francesa, que após uma investigação de dois anos descobriu que o Google havia usado as plataformas de anúncios DoubleClick for Publishers e DoubleClick Ad Exchange para favorecer seus próprios serviços, prejudicando os concorrentes.

O acordo, nesse caso, resultará na mudança do Google na forma como suas ferramentas de publicidade funcionam com os concorrentes, embora nem todas as mudanças apareçam em todos os mercados.

A Microsoft tem outro motivo para cancelar o cessar-fogo. Ultimamente, ela não foi submetido ao mesmo número de processos que o Google.

Embora o sentimento de quebra de confiança por parte dos órgãos reguladores tenha aumentado, a Microsoft não sentiu os efeitos disso até agora.

Isso provavelmente se deve ao fato de o sucesso recente da empresa ter ocorrido em mercados que não chamaram a atenção dos reguladores, incluindo computação em nuvem e jogos, campos nos quais a empresa é um forte concorrente.

Ainda não se sabe como o fim da distensão afeta os espaços em que o Google e a Microsoft cooperaram abertamente. Mas, é improvável que o Office seja retirado da Play Store ou que o Edge abandone repentinamente o Chromium.

Pouco depois que o acordo foi assinado, a Microsoft lançou aplicativos do Office para Android e abandonou o Internet Explorer. A fabricante do Windows adotou o Edge como navegador padrão, que usa a tecnologia Chromium do Google.

No entanto, algumas mudanças sutis que alterem o quão próximo a Microsoft adota as plataformas e tecnologias do Google podem ser notadas em breve.

Via: Arstechnica