O declínio da web aberta: Google finalmente admite o que antes negava

Google

Nos últimos meses, muito se tem falado sobre a queda no tráfego de sites causada pela chegada dos recursos de inteligência artificial (IA) em buscadores e pelo avanço de novos formatos de publicidade digital.

Vários negócios online já sentem os efeitos, mas até pouco tempo atrás o Google negava qualquer crise, afirmando que não havia queda geral, apenas uma mudança no comportamento dos usuários.

A empresa dizia que alguns sites estavam sofrendo, enquanto outros se beneficiavam, e que a solução seria se adaptar às novas exigências do mercado.

Porém, em uma reviravolta, o próprio Google admitiu em um documento judicial que a web aberta está em declínio acelerado.

Essa declaração foi feita no processo em que o gigante da tecnologia se defende de uma ação antitruste movida pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Na defesa, o Google afirmou que uma possível divisão da empresa poderia prejudicar ainda mais os editores e sites que dependem de anúncios na web aberta para gerar receita.

Esse reconhecimento marca a primeira vez que a companhia admite publicamente aquilo que especialistas e pesquisadores já vinham alertando.

A internet aberta, onde qualquer pessoa pode acessar informações livremente e publishers sustentam seus negócios com publicidade tradicional, está encolhendo.

Por que a web aberta está encolhendo?

Segundo o próprio Google, existem alguns fatores principais para essa mudança:

  • Crescimento do varejo digital (retail media): grandes lojas online estão criando seus próprios sistemas de anúncios, competindo diretamente com a web aberta.
  • Avanço da TV conectada (CTV): a publicidade migrou para o streaming e os anúncios exibidos diretamente em Smart TVs.
  • Impacto da inteligência artificial: com ferramentas de IA respondendo perguntas diretamente, muitos usuários deixam de visitar sites de notícias, blogs ou portais.

Essas transformações alteraram a lógica do mercado de mídia digital. Publicadores que antes tinham no tráfego orgânico e nos anúncios sua principal fonte de receita agora veem quedas bruscas de audiência e precisam buscar novos modelos de monetização.

O reconhecimento do Google não é apenas um detalhe jurídico. Ele mostra que até o maior player da internet enxerga riscos reais para o ecossistema digital como um todo.

A decisão final do julgamento contra o Google pode redefinir estratégias de publicidade, impactar pequenos e grandes publishers e até influenciar como nós, usuários, acessamos informação online.

Mesmo que a declaração tenha sido feita em tom de defesa, a mensagem é que a web aberta não está mais no auge e pode mudar radicalmente nos próximos anos. Para quem depende dela, adaptar-se é questão de sobrevivência.