A Intel decidiu mudar sua estratégia no mercado de inteligência artificial (IA), deixando de competir diretamente com a NVIDIA para focar em uma solução mais econômica com suas novas GPUs Gaudi 3.
A empresa, que já tinha dificuldades em rivalizar no quesito "poder computacional" das GPUs da NVIDIA, agora busca ocupar um nicho mais específico e promissor: o de aceleradores de IA focando em custo-benefício.
As novas GPUs Gaudi 3 da Intel são voltadas para fornecer o melhor desempenho por dólar, ao invés de competir diretamente com o poder bruto das soluções da NVIDIA.
Essa mudança de estratégia é uma tentativa de atrair empresas que precisam de soluções de IA eficientes, mas que não estão dispostas a investir alto em tecnologias de ponta.
Segundo um relatório da CRN, a Intel espera que sua oferta atraia startups e pequenas empresas que buscam ampliar sua capacidade de processamento de IA sem ter que gastar muito por isso.
"O Gaudi 3 não está buscando superar a mais recente GPU da NVIDIA em desempenho absoluto, mas visa habilitar sistemas econômicos para tarefas específicas, como execução de modelos de código aberto", disse Anil Nanduri, executivo da Intel.
De fato isso pode atrair empresas que precisam de desempenho para operações cotidianas, já que esse tipo de tarefa não precisa de uma solução de alta potência.
Gaudi 3 é a principal aposta da Intel para o mercado de IA
Em termos práticos, a linha Gaudi 3 possui desempenho equivalente ao famoso acelerador de IA H100 da NVIDIA em cargas de trabalho de inferência, sendo muito usado em modelos de linguagem (LLM) voltados para raciocínio lógico.
A Intel afirma que, comparado ao H100, o Gaudi 3 oferece um desempenho 80% melhor por dólar. Quando a comparação é feita com o Llama-2, a relação custo-benefício chega a ser até duas vezes melhor.
Porém, ainda existem algumas limitações. As GPUs Gaudi 3 não se saem tão bem em operações de ponto flutuante – uma métrica importante para tarefas de IA intensivas.
Intel reconhece que não pode competir com a NVIDIA
A Intel reconheceu que não poderia competir diretamente com a NVIDIA, cujo ecossistema CUDA se tornou a principal escolha no mercado de IA.
A aposta da empresa é que, no futuro, o mercado irá se desviar do foco em gigantescos data centers para soluções mais modestas, que possam ser implementadas com maior facilidade por um número maior de empresas.
"O mundo está começando a questionar o retorno sobre o investimento e os custos envolvidos. Nós acreditamos que haverá uma transição para modelos menores e mais específicos de LLM, à medida que a febre por grandes data centers começar a diminuir", afirmou Anil Nanduri.
Adoção pelo mercado e futuro da Gaudi 3
As GPUs Gaudi 3 já começaram a ser adotadas por algumas grandes empresas, como IBM Cloud, Hewlett Packard Enterprise e Dell, em suas soluções para data centers.
Isso mostra que, apesar de não ter conquistado uma posição dominante no mercado de IA, a linha Gaudi 3 vem encontrando seu espaço em setores que priorizam a relação custo-benefício.
Mesmo com essa adoção, os resultados não têm sido suficientes para mudar drasticamente a trajetória da Intel no mercado de IA.
O CEO da empresa, Pat Gelsinger, chegou a comparar o CUDA da NVIDIA a um "fosso" que protege a empresa de competidores, uma vez que o ecossistema desenvolvido ao redor dele se tornou um padrão na computação de IA.
A trajetória da Intel no mercado de IA será um ponto a ser bem observado nos próximos anos, principalmente em meio aos desafios financeiros que a empresa enfrenta.
A linha Gaudi 3 pode não ser a resposta completa para suas necessidades, mas representa uma tentativa de encontrar um novo caminho em um setor altamente competitivo.