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Ex-executivos da Ubisoft são condenados por assédio e recebem penas leves

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Um caso que chocou o mundo dos jogos eletrônicos acaba de ter novos desdobramentos. Três ex-executivos da Ubisoft, uma das maiores empresas de games do mundo, foram condenados por assédio moral e sexual. As decisões saíram depois de um julgamento que começou em março de 2025 e foi adiado até junho.

Segundo o jornal francês Le Monde, Thomas François, que já foi vice-presidente da área de criação e edição da Ubisoft, foi considerado culpado de assédio moral, assédio sexual e até tentativa de agressão sexual.

A Justiça determinou que ele pague uma multa de 30 mil euros (cerca de R$180 mil) e ainda impôs uma pena de três anos de prisão, mas em regime suspenso — ou seja, ele não vai preso agora, a não ser que cometa outro crime nesse período.

Outro nome importante envolvido é Serge Hascoët, que ocupava o alto cargo de diretor criativo da empresa. Ele foi acusado de fazer comentários ofensivos e racistas, além de ter assediado uma funcionária muçulmana.

O caso mais marcante aconteceu durante o período do Ramadã, quando ela estava em jejum, e ele teria colocado fotos de comida no computador dela e até comida real em sua mesa, numa atitude claramente desrespeitosa.

Hascoët foi condenado a pagar 45 mil euros e recebeu uma pena de prisão suspensa de 18 meses. O terceiro ex-funcionário condenado foi Guillaume Patrux, que trabalhava como designer de jogos.

Ele foi acusado de assédio psicológico e recebeu uma pena de um ano de prisão suspensa, além de ter que pagar uma multa de 10 mil euros. Esses três homens fizeram parte de um ambiente de trabalho tóxico dentro da Ubisoft, que foi revelado ao público em 2021.

Naquele ano, centenas de funcionários se uniram em uma carta aberta pedindo mudanças urgentes na cultura da empresa. Eles queriam um ambiente mais seguro, justo e respeitoso.

O movimento ganhou ainda mais força quando outros trabalhadores da indústria, como os da Activision Blizzard (outra gigante dos games), também começaram a denunciar abusos e comportamentos tóxicos dentro de suas empresas.

Os funcionários da Ubisoft, além de apoiar os colegas da Activision, aproveitaram o momento para cobrar atitudes dos próprios chefes. Um dos principais problemas apontados foi a forma como a empresa lidava com denúncias internas.

Em vez de demitir executivos acusados de assédio, como Hascoët, a empresa preferia transferi-los para outras áreas, protegendo essas pessoas e ignorando as vítimas.

É importante lembrar que Hascoët não chegou a ser demitido — ele se demitiu por conta própria, depois de uma conversa sobre as acusações.

Um ano depois das denúncias, os funcionários voltaram a criticar a falta de ação da empresa, principalmente do CEO (diretor-geral) Yves Guillemot. Eles disseram que ele fingia ouvir as reclamações, mas não tomava providências reais para mudar a situação.

Essa história mostra como o silêncio e a proteção aos agressores podem durar anos dentro de grandes empresas, mesmo quando há provas e testemunhos. Felizmente, com coragem e união, os trabalhadores estão conseguindo justiça, mesmo que demorada.

Agora, com as condenações na Justiça, a esperança é que outras empresas também passem a levar mais a sério as denúncias de assédio moral, sexual e psicológico.

O ambiente de trabalho precisa ser seguro para todos, independentemente de gênero, religião ou cargo. As pessoas merecem respeito, acima de qualquer lucro ou fama.