A corrida global pela produção de chips, peças essenciais para praticamente tudo que envolve tecnologia hoje em dia, está pegando fogo. E quem está acelerando forte nessa disputa é a China.
Um novo relatório do grupo francês Yole, especialista em análise de mercado de semicondutores, aponta que a China pode se tornar líder mundial em capacidade de produção de chips até o ano de 2030, passando países que hoje dominam esse setor: Coreia do Sul e Taiwan.
Mesmo que esse assunto pareça distante do seu dia a dia, ele tem impacto direto na vida de todo mundo. Chips estão em celulares, carros, geladeiras, TVs, máquinas de lavar, computadores e até no funcionamento de hospitais.
Se a produção de chips para, muita coisa no mundo trava. Por isso, entender quem está no comando dessa produção ajuda a prever como os preços, a disponibilidade de produtos e a economia global vão se comportar nos próximos anos.
O que está acontecendo com a China?
A China vem investindo pesado na sua indústria de semicondutores. Segundo o relatório da Yole Group, atualmente o país já ocupa o terceiro lugar no ranking global em termos de capacidade de produção.
Os líderes ainda são Taiwan e Coreia do Sul, mas a distância entre eles está diminuindo rapidamente. O mais impressionante é a velocidade desse avanço.
A previsão é que a China alcance 30% de toda a capacidade mundial de produção de chips até 2030, assumindo a liderança do mercado. Isso mostra que as fábricas chinesas estão expandindo e produzindo mais chips a cada ano.
Mas a China já fabrica os chips mais modernos?
Ainda não. Em termos de tecnologia de fabricação, a China está entre cinco e dez anos atrás dos líderes mundiais. Isso quer dizer que ela ainda não domina os processos mais avançados, como os chips de 3 nanômetros que empresas como a TSMC (Taiwan) e Samsung (Coreia do Sul) já estão produzindo.
Porém, a maior fabricante chinesa, a SMIC (Semiconductor Manufacturing International Corporation), já conseguiu desenvolver chips de 6 nanômetros e está trabalhando em tecnologias mais avançadas, como os de 5 nanômetros.
Mesmo sem estar no topo da tecnologia, a China foca nos chips de nós maduros — que são menos modernos, mas ainda essenciais para muitos equipamentos, como carros, eletrodomésticos e até redes de internet. Esses chips mais simples continuam em alta demanda, principalmente em setores como o automobilístico e o industrial.

Por que a China está correndo tanto atrás disso?
O principal motivo é a busca por independência tecnológica. Desde que os Estados Unidos iniciaram uma guerra comercial com a China, restringindo o acesso chinês a tecnologias de ponta (especialmente ligadas aos chips), o país passou a investir muito mais em desenvolver sua própria estrutura.
Isso inclui desde fábricas até pesquisas e formação de profissionais especializados. A ideia é não depender de países estrangeiros para manter o funcionamento de sua economia. Segundo a Yole Group:
"Desde que os EUA iniciaram a guerra comercial dos semicondutores, a China vem acelerando a construção de um ecossistema independente. Ela está se tornando rapidamente um país central no mercado de fundição de chips."
E como isso afeta outros países?
Hoje, a Europa, por exemplo, depende bastante dos chips produzidos na China, principalmente os de tecnologias mais simples.
O próprio CEO da ASML, uma das empresas mais importantes do mundo na fabricação de máquinas para produzir chips, já alertou que com as restrições dos EUA, a Europa tem dificuldades para conseguir semicondutores essenciais.
Se a China conseguir dominar a produção global, mesmo que com chips menos avançados, isso dará a ela uma grande vantagem estratégica no mercado global. Isso pode influenciar preços, negociações internacionais e até o acesso de outros países a tecnologias importantes.