Yoko Taro, o criador por trás do aclamado jogo Nier Automata, levantou um alerta que vem ganhando força entre muitos profissionais criativos.
Ele falou sobre ter medo de que a tecnologia de inteligência artificial generativa possa, no futuro, substituir os criadores de jogos.
Em uma entrevista para a revista japonesa Famitsu, o diretor expressou uma preocupação que pode afetar toda a indústria dos videogames — e não só ela.
Essa conversa aconteceu durante um bate-papo entre Yoko Taro, Kotaro Uchikoshi (conhecido pelos jogos da série Zero Escape) e Jiro Ishii (428: Shibuya Scramble), onde todos discutiram o impacto que a IA pode ter no setor criativo.
A questão é simples e profunda ao mesmo tempo. Será que, com o avanço da inteligência artificial, os artistas e criadores de jogos ainda terão espaço no mercado?
"A IA pode tomar nosso lugar", diz Taro
Uchikoshi começou comentando que, apesar de ter muitas ideias novas para jogos, ele teme que, com a velocidade em que a IA está evoluindo, chegue um ponto em que os jogos de aventura criados por máquinas se tornem a norma.
Em outras palavras, os jogadores podem acabar consumindo conteúdo feito por robôs, sem nem perceber a ausência de um autor humano por trás da narrativa. Yoko Taro então foi direto ao ponto:
"Também acredito que criadores de jogos podem perder seus empregos por causa da IA. Existe a chance de que, daqui a 50 anos, sejamos tratados como bardos..."
Essa comparação com os "bardos" — artistas medievais que contavam histórias e músicas nas praças e feiras — deixa claro o medo de que os criadores se tornem figuras do passado, lembradas com carinho, mas sem função prática na era moderna.
Ele também apontou que, no futuro, poderemos parar de copiar o estilo de criadores que admiramos, porque a IA vai ser capaz de gerar automaticamente os cenários do nosso gosto.
"A IA vai entender os gostos dos usuários e vai criar, com precisão, histórias com várias ramificações que eles queiram seguir. E essa capacidade de recomendação só vai melhorar."
Mas será que a IA vai realmente substituir os artistas?
Esse tipo de preocupação é comum entre escritores, desenvolvedores de jogos, músicos, ilustradores e outros profissionais da criatividade.
A verdade é que a inteligência artificial está avançando rapidamente, criando textos, imagens e até músicas com uma qualidade impressionante. Mas isso significa que ela vai substituir por completo os humanos? Não exatamente.
Apesar da velocidade com que a IA está evoluindo, ainda é cedo para dizer que ela vai conseguir recriar a originalidade e emoção de um criador como Yoko Taro.
Suas histórias são cheias de camadas, emoções humanas profundas e significados ocultos que, até agora, só um ser humano consegue transmitir de forma genuína.
Por mais que a IA consiga copiar estilos ou gerar enredos complexos, a criatividade verdadeira — aquela que surpreende, emociona e transforma — ainda é exclusiva do ser humano.
E é por isso que nomes como Yoko Taro ainda serão lembrados daqui a 50 anos, mesmo que as máquinas avancem cada vez mais. O fato é que a IA vai continuar crescendo, e sua presença na criação de jogos será inevitável.
Ela pode ajudar desenvolvedores a criar mundos mais ricos, testar diferentes possibilidades de roteiro ou até simular comportamentos de personagens. Mas isso não significa que os criadores deixarão de existir.
Na verdade, quem souber usar a IA como uma ferramenta — e não como substituta — terá mais chance de se destacar. A tecnologia pode ser uma parceira poderosa para quem busca inovar, economizar tempo e até alcançar mais pessoas.
Yoko Taro e outros criadores estão certos em levantar esse debate agora. Ele não é só uma previsão para o futuro distante, mas uma reflexão necessária para o presente.
A discussão sobre o papel da IA na criatividade está só começando — e o que vai definir o futuro será o jeito como decidirmos usar essa tecnologia.