A Apple está sendo acusada de registrar a atividade dos usuários do iPhone secretamente, violando a Lei de Invasão de Privacidade da Califórnia e as próprias garantias de privacidade da empresa.
De acordo com o Bloomberg, uma ação coletiva federal foi aberta contra a Apple alegando que a empresa estaria coletando os dados de seus clientes, sem que eles saibam disso.
A ação foi movida por um cidadão de Nova York identificado como Elliot Libman, que também é proprietário de um iPhone 13. No documento, Libman acusa a Apple de oferecer garantias "totalmente falsas".
A acusação é centrada numa falsa garantia de que os usuários estão no controle de quais informações compartilham quando usam aplicativos no iPhone.
Especificamente, o processo alega que as opções do telefone da Apple que permitem controlar o compartilhamento de dados e rastreamento de aplicativos, não impedem a empresa de continuar coletando dados relacionados à navegação e atividade dos usuários para fins de monetização.
"A Apple registra, rastreia, coleta e monetiza dados analíticos – incluindo histórico de navegação e informações de atividade – independentemente de quais salvaguardas ou "configurações de privacidade" os consumidores adotam para proteger sua privacidade. Mesmo quando os consumidores seguem as próprias instruções da Apple e desativam 'Permitir que aplicativos solicitem o rastreamento' e/ou 'Compartilhar análise de [dispositivo]' em seus controles de privacidade, a Apple continua a registrar o uso de aplicativos dos consumidores, comunicações de navegação de aplicativos e informações pessoais em seus aplicativos proprietários da Apple, incluindo App Store, Apple Music, Apple TV, Livros e Ações", diz a reclamação.
A denúncia tem como base um relatório recente do Gizmodo, que cobriu o trabalho dos pesquisadores de segurança, Tommy Mysk e Talal Haj Bakry, da empresa de software Mysk.
No início deste mês, os pesquisadores alegaram ter encontrado evidências de que as configurações de controle de análise e antirastreamento do iOS não tem efeito nos aplicativos mencionados na ação.
Por exemplo, segundo os pesquisadores, a App Store coletou continuamente uma grande quantidade de dados de uso em tempo real, incluindo aplicativos pesquisados, toques do usuário, anúncios visualizados e quanto tempo um usuário visualiza um determinado aplicativo.
Além disso, a Apple pode coletar detalhes dos métodos de impressão digital do dispositivo, incluindo números de identificação, modelo, resolução da tela, idiomas de teclado e tipo de conexão com a Internet.
Os pesquisadores ainda afirmam que o aplicativo Stocks enviou à Apple uma lista de ações do usuário, que inclui conteúdo assistido, visualizado ou pesquisado, além de um registro de artigos de notícias visualizados.
De acordo com o relatório dos pesquisadores, essas informações foram enviadas para um endereço da Web por meio de um endereço de rede separado da comunicação do iCloud que sincroniza os dados do usuário no dispositivo.
"Desativar ou desativar as opções de personalização não reduziu a quantidade de análises detalhadas que o aplicativo estava enviando", disse Mysk.
"Desativei todas as opções possíveis, como anúncios personalizados, recomendações personalizadas e compartilhamento de dados e análises de uso", acrescentou.
Os pesquisadores usaram um iPhone com jailbreak executando o iOS 14.6 durante o estudo. A equipe também descobriu uma atividade semelhante em um iPhone sem jailbreak executando o iOS 16, mas os dados foram criptografados.
Portanto, não foi possível saber exatamente o que continham nesses dados, mas isso não impediu que a conclusão do estudo instigassem uma ação judicial contra a Apple.
"Através de seu negócio de coleta e rastreamento de dados generalizado e ilegal, a Apple conhece até os aspectos mais íntimos e potencialmente embaraçosos do uso de aplicativos do usuário – independentemente de o usuário aceitar a oferta ilusória da Apple de manter essas atividades privadas", diz a reclamação.