O evento Robotaxi da Tesla, que gerou grandes expectativas na comunidade tecnológica, acabou não impressionando o mercado financeiro.
Apesar da empresa ter trazido novidades, como o lançamento do próprio Robotaxi e atualizações sobre o robô humanoide Optimus, a reação de analistas de instituições importantes, como UBS e Wells Fargo, não foi das boas.
A Tesla foi criticada por não apresentar detalhes concretos de seus produtos e a ausência de uma estratégia clara que pudesse ameaçar a concorrência.
O banco Wells Fargo, que já vinha adotando uma postura mais pessimista em relação à Tesla, manteve sua classificação "Underweight" para as ações da companhia, além de reafirmar a meta de preço em US$ 120.
Para o banco, o evento "We, Robot" protagonizado por Elon Musk, CEO da Tesla, trouxe mais espetáculo do que conteúdo, faltando substância na apresentação.
A Tesla anunciou que pretende iniciar testes não supervisionados do serviço Robotaxi em 2025, com custos operacionais previstos entre 30 e 40 centavos por milha, mas deu poucos detalhes sobre como pretende alcançar esses objetivos.
A questão regulatória também pesou na avaliação do Wells Fargo, que criticou a ausência de um cronograma elaborado para aprovações necessárias.
Em vez de explorar soluções tecnológicas mais abrangentes, a Tesla segue apostando na abordagem de visão apenas, ao abandonar o uso do LiDAR em seus veículos autônomos, o que gera controvérsia no setor.
O UBS compartilhou uma visão semelhante ao manter sua classificação de "Venda" para as ações da Tesla e fixar a meta de preço em US$ 197.
A expectativa era de que a empresa trouxesse novidades sobre o Modelo 2, um veículo mais acessível que visa alcançar uma parcela maior de consumidores.
Porém, isso não aconteceu, e os problemas encontrados nas demonstrações de direção autônoma apenas reforçaram a percepção de falta de clareza nos planos para o Robotaxi.
Repercussão mista: otimismo moderado
Apesar das críticas, o Morgan Stanley, um dos apoiadores mais ferrenhos da Tesla, reiterou uma avaliação "Overweight", com uma meta de preço de US$ 310.
Contudo, o banco também deixou de expressar desapontamento quanto à substância da apresentação. Aparentemente, todos esperavam mais objetividade da Tesla.
Para o Morgan Stanley, o evento careceu de uma "transmissão cuidadosa de estratégia" sobre como a Tesla pretende entrar no mercado de serviços de compartilhamento de viagens, principalmente em relação aos serviços supervisionados e não supervisionados.
Detalhes como análise de mercado (TAM) e a melhoria do Full Self-Driving (FSD) era algo que muitos esperavam ver.
Já o Goldman Sachs elogiou o progresso do robô humanoide Optimus e o design do Cybercab, mas também não deixou de criticar a falta de informações para o FSD e o plano de negócios do Robotaxi.
O banco manteve a classificação "Neutra" e a meta de preço de US$ 320, fortalecendo a necessidade de mais clareza nos detalhes operacionais dos produtos.
Por outro lado, a Truist apontou a importância de a Tesla lançar um novo modelo de veículo para convencer os investidores de que o crescimento da empresa pode voltar a acelerar a partir de 2025.
O cenário de altas taxas de juros foi um dos principais desafios para a montadora, que está tendo dificuldades para manter o ritmo de vendas em um mercado cada vez mais competitivo.
O futuro da Tesla depende de uma evolução mais sólida
O evento "We, Robot" revelou que a Tesla ainda precisa evoluir muito para consolidar sua visão de veículos autônomos e robótica.
A falta de uma estratégia sólida para o Robotaxi e a abordagem arriscada de depender exclusivamente de visão computacional, sem LiDAR, levantam dúvidas sobre a viabilidade dos objetivos de curto prazo da empresa.
É claro que a Tesla trouxe inovações interessantes neste evento, mas o mercado parece querer ver mais do que apenas promessas ousadas.
Os analista cobram um plano concreto, com cronogramas definidos e avanços tangíveis, para que os investidores voltem a apostar com confiança no futuro da companhia.