Demanda por IA pressiona mercado de memória e afeta PCs, notebooks e até celulares

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O interesse por plataformas de IA que usam memória LPDDR, como as soluções Blackwell da NVIDIA, vem crescendo rápido.

E isso está deixando o mercado de DRAM ainda mais apertado, tanto para quem usa PC quanto para quem depende de notebooks no dia a dia.

Os módulos de memória já entraram num período complicado, marcado pela falta de estoque. Esse cenário começou a aparecer nos últimos meses por causa da procura enorme por DRAM.

No começo, muita gente do setor acreditava que o impacto seria menor, já que a capacidade de produção estava em expansão. Só que o ritmo de construção de novos datacenters subiu muito além do esperado.

E tem outro ponto que está apertando ainda mais o setor, empresas como a NVIDIA estão de olho na memória LPDDR para seus servidores de IA. Isso reduz a quantidade de memória disponível para produtos comuns, como notebooks e desktops usados no dia a dia.

"O risco maior no horizonte está nas memórias avançadas, já que a virada recente da NVIDIA para LPDDR faz dela um cliente no mesmo nível de um grande fabricante de smartphones — uma mudança gigante para a cadeia de suprimentos, que não consegue absorver esse volume de demanda tão fácil", segundo o Counterpoint.

Mesmo assim, essa mudança da NVIDIA não é de agora. A empresa já usa até 496 GB de LPDDR5X na plataforma Blackwell GB200 desde o lançamento, que aconteceu 18 meses atrás.

Outras empresas seguem o mesmo caminho. A Intel, por exemplo, deve usar LPDDR nos GPUs Crescent Island voltados para tarefas de inferência em IA. E futuras plataformas, como Vera Rubin, devem usar ainda mais LPDDR, algo que já estava no planejamento.

Preço da memória pode dobrar em pouco tempo

Relatórios recentes indicam que o preço da memória pode subir até 50% em alguns trimestres. Isso se soma ao aumento de cerca de 50% na comparação anual, criando um cenário onde, em poucos meses, o mercado pode ver um salto de 100% nos custos.

Um dos motivos que leva a NVIDIA a trocar DDR5 por LPDDR é que a LPDDR consome menos energia e inclui mecanismos eficientes de "correção de erro". Para o setor de IA, isso é positivo.

Gráfico que mostra o aumento dos preços da memória por períodos
Créditos da imagem: Counterpoint Research

Para o consumidor final, é só mais um problema que pesa no bolso. A situação fica ainda mais complicada porque LPDDR5 e versões mais novas já são muito usadas em notebooks e celulares modernos.

E a quantidade que a NVIDIA precisa é enorme — bem maior do que muitos fabricantes conseguem entregar. Isso deixa a cadeia de produção num estado de aperto que deve continuar por vários meses.

Com essa pressão, tipos diferentes de memória — HBM, DDR, LPDDR, GDDR e até RDIMM — devem passar por períodos de estoque baixo, afetando usuários de todas as categorias. A Xiaomi, já anunciou que seus telefones ficarão mais caros em 2026.

Os sinais do mercado mostram que a normalização desse cenário deve demorar alguns trimestres. Até lá, fabricantes, varejo e usuários vão ter que lidar com um período de incerteza e preços pressionados.

Romário Leite
Fundador do TecFoco. Atua na área de tecnologia há mais de 10 anos, com rotina constante de criação de conteúdo, análise técnica e desenvolvimento de código. Tem ampla experiência com linguagens de programação, sistemas e jogos. Estudou nas universidades UNIPÊ e FIS, tendo passagem também pela UFPB e UEPB. Hoje, usa todo seu conhecimento e experiência para produzir conteúdo focado em tecnologia.