A China trouxe de volta amostras de rochas lunares à Terra após 45 anos da primeira viagem do homem ao satélite natural da Terra.
As amostras foram coletadas pela sonda chinesa Chang'e-5 que faz parte da quinta missão de exploração lunar do Programa de Exploração Lunar Chinês iniciada em 23 de novembro de 2020.
Além disso, esta é a primeira missão lunar chinesa que retorna à Terra, a sonda Chang'e-5 pousou com sucesso em solo terrestre em 17 de dezembro de 2020.
Após quase um ano analisando o material coletado pela sonda, os pesquisadores do Instituto de Geologia e Geofísica da Academia Chinesa de Ciências em Pequim, descobriram possíveis "erupções vulcânicas misteriosas na Lua".
De acordo com os pesquisadores, a Lua não só possui vulcões, como a atividade dessas estruturas geológicas de massa de rocha fundida pode ter sido mais recente do que os cientistas pensavam.
As descobertas vão contra as análises das primeiras rochas lunares coletadas durante a missão Apollo em 1976, junto com algumas da missão Luna 24 da União Soviética que indicaram que a Lua esfriou e seus vulcões ficaram inativos há cerca de 3 bilhões de anos.
"A suposição geral era que a lua é um corpo tão pequeno em comparação com a Terra e Marte, por exemplo, que esfriou mais rapidamente e parou de produzir vulcões", disse Bradley Jolliff, cientista planetário da Universidade de Washington em St. Louis que ajudou a conduzir a pesquisa.
No entanto, as rochas vulcânicas que a Chang'e-5 trouxe têm cerca de 2 bilhões. Isso significa que há uma diferença de 1 bilhão de anos em relação a conclusão das análises das amostras anteriores.
A descoberta foi publicada no início deste mês na revista Science. Na última terça-feira (19), um novo estudo das amostras foi publicado na revista Nature e também determinou que essas amostras de rocha tinham 2 bilhões de anos.
Além disso, dois estudos nesta semana mostraram que as novas amostras da lua são surpreendentemente baixas em água e em elementos radioativos, esses são indicativas que facilitam as erupções vulcânicas.
A água diminui o ponto de fusão da rocha e o potássio, urânio e tório radioativos fornecem calor para derreter o magma. Ambos estavam presentes em concentrações mais altas nas amostras da Apollo e Luna.
De acordo com Qing-Zhu Yin, professor da Universidade da Califórnia do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias, as novas rochas lunares representam "um verdadeiro enigma".
Yin, não esteve envolvido na pesquisa, mas disse à Science que esses estudos levantam questões sobre como um corpo tão pequeno quanto a lua poderia "suportar erupções vulcânicas no estágio final da vida".
A principal razão que intriga os pesquisadores é que a lua não tem atmosfera ou campo magnético para reter o calor necessário para a atividade vulcânica. Mas, existem algumas hipóteses sobre como o calor durou tanto tempo.
Uma delas é que o solo da lua pode ter sido espesso o suficiente para reter o calor por um bilhão de anos a mais do que os cientistas inicialmente pensaram.
A outra é que a lua pode ter sido aquecida pelas forças das marés da Terra, já que a gravidade do planeta poderia ter esticado e relaxado o interior da lua enquanto ela orbitava.
Uma terceira explicação possível é um impacto de um grande asteroide ou cometa, já que em alguns casos isso pode causar uma erupção vulcânica.
Como as missões anteriores coletaram muito poucas rochas da lua e em apenas dois locais, os cientistas esperam fazer novas descobertas com amostras futuras, como as rochas da Chang'e-5.
"Se a lua fosse um objeto do tamanho de um continente, as amostras de Apollo e Luna seriam como amostrar apenas um estado. Imagine se isso for tudo o que sabemos sobre um continente inteiro", disse Jolliff.
A próxima missão lunar da China, Chang'e-6, está prevista para ser lançada ao outro lado da lua em 2024 com o objetivo de trazer ainda mais amostras.
Via: Business Insider