O Apple Vision Pro chegou ao mercado com a promessa de ser uma revolução na forma como a gente interage com tecnologia. Mas, apesar de todo o hype e o preço altíssimo — a partir de R$ 20.000 — muita gente que comprou esse gadget está agora batendo cabeça com problemas que vão muito além do valor pago.
Na prática, o que era para ser uma experiência futurista, virou uma dor de cabeça para muitos donos do Vision Pro. A Apple até tem lançado atualizações e melhorias no sistema operacional, o visionOS, mas a impressão inicial negativa pegou forte e pode influenciar (e muito) as vendas dos próximos lançamentos da empresa.
De acordo com uma uma reportagem do The Wall Street Journal, o Apple Vision Pro recebeu menos de 500.000 remessa, e muitos dos consumidores estão se arrependendo da compra.
Com base em uma estimativa anterior, o Apple Vision Pro recebeu menos de 500.000 remessas, com uma reportagem do The Wall Street Journal, protegida por paywall, flagrada pela MacRumors, relatando como eles estão se arrependendo da compra.
O primeiro ponto que mais pesa — literalmente — é o desconforto. O Vision Pro é bem mais pesado do que outros headsets do mercado, com seus 600 a 650 gramas.
Isso faz com que, após pouco tempo de uso, o usuário já sinta cansaço no pescoço e na cabeça. E não é só uma questão de adaptação, o uso prolongado se torna incômodo mesmo para quem está acostumado com o aparelho.
Uma moradora de Nova York chamada Tovia Goldstein, de 24 anos, contou que nem conseguiu aproveitar direito o conteúdo, por dois motivos: o peso do aparelho e a falta de aplicativos otimizados.
Ou seja, além de desconfortável, o dispositivo não oferece muitas opções práticas que justifiquem o investimento. Além do desconforto, muitos consumidores estão reclamando da lentidão do sistema.
Pra se ter uma ideia, até pra acessar a App Store do visionOS leva tempo — e isso sem contar os minutos de espera até o dispositivo funcionar depois de conectar a bateria externa, algo que deveria ser instantâneo em um aparelho desse nível.
O analista Ming-Chi Kuo, da TF International Securities, já havia falado sobre isso. Ele disse que o preço alto não seria o único problema.
O Vision Pro tem poucos casos de uso reais e muito pouco apps disponíveis. Isso tende a fazer muita gente devolver o produto, já que não vê valor no dia a dia.
Outro baque para quem comprou foi perceber que revender o Apple Vision Pro não é nada fácil. A procura é tão baixa que quem tenta passar o aparelho pra frente tem que aceitar prejuízos pesados.
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O caso de Anthony Racaniello, operador de estúdio de mídia na Filadélfia, é um bom exemplo disso. Ele pagou o preço cheio, mas acabou vendendo seu Vision Pro por quase a metade do preço. E o mais curioso é que ele não sente falta nenhuma do aparelho.
Essa queda absurda no valor de revenda é rara em produtos da Apple, conhecidos por manterem seu preço no mercado de usados. Mas o Vision Pro se mostrou uma exceção — e não no bom sentido.