Apple treina IA com e-mails falsos sem mexer nos seus dados

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A Apple está apostando em uma estratégia bem diferente para deixar sua inteligência artificial (IA) mais esperta, sem bisbilhotar os e-mails dos usuários.

A ideia é usar mensagens de e-mail "sintéticas" — ou seja, falsas, criadas por máquinas — como base para treinar seus modelos de IA.

E tudo isso rola de um jeito que mantém a privacidade das pessoas totalmente protegida. Hoje em dia, grandes empresas de tecnologia estão correndo para lançar ferramentas de IA mais rápidas, inteligentes e úteis.

A Apple, que andava um pouco devagar nessa corrida, está trabalhando para recuperar o tempo perdido. Uma das apostas da empresa é o chamado Apple Intelligence, que vai equipar recursos como o Siri com mais inteligência e respostas mais naturais.

A novidade ia ser lançada junto com o iOS 18.4, mas acabou ficando para o ano que vem. Mesmo assim, segundo o site Bloomberg, os funcionários da Apple acreditam que a ferramenta pode chegar antes do previsto — talvez ainda este ano.

Os e-mails sintéticos são textos criados pela própria IA. São mensagens como: "Quer jogar tênis amanhã às 11h30?" Criar esse tipo de conteúdo ajuda a IA a aprender como escrever, resumir ou entender textos.

Mas, sozinhos, esses e-mails falsos não representam muito bem o que as pessoas escrevem de verdade. E aí entra o truque da Apple.

A Apple criou uma tecnologia que compara esses e-mails sintéticos com mensagens reais dos usuários — mas de um jeito inteligente e seguro. Funciona mais ou menos assim:

  1. Criação de e-mails sintéticos: A empresa gera várias mensagens falsas com assuntos variados.
  2. Criação de "embeddings": Cada mensagem é transformada em um tipo de “resumo matemático” que guarda informações como assunto, tamanho e estilo do texto.
  3. Dispositivos ajudam na comparação: Alguns iPhones, de usuários que aceitaram participar da análise (isso é opcional), pegam seus e-mails recentes, criam os mesmos "resumos" e comparam com os das mensagens sintéticas.
  4. Privacidade garantida com diferencial de privacidade: O aparelho só informa quais resumos sintéticos mais se parecem com os seus e-mails reais, sem dizer nada específico. Ou seja, a Apple nunca vê o conteúdo dos e-mails da pessoa.

Essa técnica se chama privacidade diferencial e garante que a Apple receba dados genéricos e agregados, sem rastrear ninguém.

E o que a Apple faz com esses dados?

A empresa usa os resumos mais parecidos com os e-mails reais para gerar novas mensagens sintéticas mais próximas da linguagem que os usuários usam no dia a dia.

Por exemplo, se muitos dispositivos apontaram que o e-mail sobre jogar tênis parece realista, o sistema pode criar outros parecidos, como "Quer jogar futebol amanhã?"

Isso melhora o aprendizado da IA para tarefas como escrever resumos de e-mails, organizar mensagens ou dar respostas mais naturais com o Siri.

A Apple ainda não confirmou uma data exata, mas o Bloomberg afirma que a tecnologia vai estar disponível em breve em versões beta do iOS 18.5 e macOS 15.5.

Para quem quiser se aprofundar, a Apple publicou um artigo completo sobre o assunto no seu site de pesquisas em aprendizado de máquina.

Romário Leite
Fundador do TecFoco. Atua na área de tecnologia há mais de 10 anos, com rotina constante de criação de conteúdo, análise técnica e desenvolvimento de código. Tem ampla experiência com linguagens de programação, sistemas e jogos. Estudou nas universidades UNIPÊ e FIS, tendo passagem também pela UFPB e UEPB. Hoje, usa todo seu conhecimento e experiência para produzir conteúdo focado em tecnologia.