A situação entre Samsung e Qualcomm está ficando cada vez mais complicada para o lado da fabricante sul-coreana.
A relação entre as duas empresas segue firme, e a Samsung continua presa ao uso dos chips Snapdragon nos seus aparelhos mais caros, mesmo investindo há anos no avanço do Exynos para tentar sair dessa dependência.
Pelo jeito, isso ainda está longe de acontecer. Recentemente, a Samsung assinou um acordo de licenciamento com a Qualcomm que garante acesso às tecnologias da marca até 2030.
Além disso, em 2024 foi fechado outro contrato que vale por vários anos e diferentes regiões, deixando a Samsung amarrada aos chips topo de linha da Qualcomm por um bom tempo. O problema é que esses acordos acabam pesando muito no bolso.
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O impacto é tão grande que a Samsung já começou a cortar custos em pontos sensíveis do celular, como o furo da câmera frontal do S26 Ultra, que pode ser o maior já colocado num modelo Ultra da linha Galaxy S.
Segundo novas informações reveladas esta semana, tudo indica que a Samsung vai usar o Snapdragon 8 Elite Gen 5 apenas no Galaxy S26 Ultra.
Isso até contradiz uma informação da própria Qualcomm feita numa chamada de resultados, onde a empresa disse que esperava manter cerca de 75% de participação nos chips da linha Galaxy S26. Mesmo assim, esse acerto com a Samsung deve render valores gigantescos para a Qualcomm.
Para se ter uma ideia do impacto financeiro, o Snapdragon 8 Elite usado no Galaxy S25 Ultra custava mais ou menos 190 dólares por unidade, algo perto de 36% de todo o gasto de peças do aparelho, que girava em torno de 523 dólares.
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Já o Snapdragon 8 Elite Gen 5 deve sair entre 240 e 280 dólares por unidade. Se o custo total do aparelho continuar igual, esse chip sozinho pode ocupar 46% do preço das peças do Galaxy S26 Ultra, que é estimado em 613 dólares quando se considera o chip na faixa dos 280 dólares.
Outro ponto que entra nessa conta é que a TSMC, responsável pela produção desses chips, já avisou seus principais clientes que fará reajustes nos valores de fabricação dos componentes mais avançados, aqueles abaixo de 5nm.
Esses reajustes devem ficar entre 8% e 10% e começam a valer no próximo ano. Ou seja, o chip pode ficar ainda mais caro.
Se o Galaxy S26 Ultra realmente vender os 16 milhões de unidades estimados, e cada chip for comprado por algo perto de 250 dólares, a Samsung pode gastar perto de 4 bilhões de dólares só com o chipset da Qualcomm.
E isso ainda não inclui o valor de royalties. A Samsung paga 16,25 dólares por cada smartphone vendido para compensar o uso das tecnologias da Qualcomm.
No primeiro semestre de 2025, a Samsung vendeu cerca de 22,5 milhões de aparelhos da linha Galaxy S25, e só essa taxa rendeu 365 milhões de dólares para a Qualcomm.
Além do chipset, a Samsung também está lidando com o aumento no preço da memória LPDDR5X. O valor desse componente continua subindo por diversos fatores que já foram mencionados em um artigo aqui.
Com tudo isso junto, a fabricante está sofrendo pressão de todas as partes, e isso explica por que o Galaxy S26 Ultra pode vir com bordas maiores e um corte maior para a câmera frontal.
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Mesmo assim, nenhum outro item pesa tanto quanto o Snapdragon 8 Elite Gen 5. Esse cenário mostra por que o Exynos 2600 se tornou chave dentro da estratégia da empresa.
Se a Samsung conseguir mostrar que seu chip próprio alcança o desempenho dos modelos premium da Qualcomm, ela terá mais força nas próximas negociações. Mas isso ainda precisa ser comprovado na prática, apesar dos primeiros sinais positivos.








