Mesmo com toda a discussão sobre o uso de IA em games e em trabalhos criativos, o público em geral não liga muito para isso. Quem disse isso foi um ex-executivo da Square Enix.
Jacob Navok, que hoje é CEO da Genvid e já foi Diretor de Negócios da Square Enix Holdings, comentou o assunto no X. Ele levou exemplos que mostram como essa falta de interesse do consumidor tem influenciado o rumo da indústria.
Um dos casos citados por Navok é o sucesso de Steal a Brainrot, jogo do Roblox que usa modelos 3D criados em cima de personagens gerados por IA, que muitos chamam de "slop".
Mesmo assim, o título virou febre entre jogadores da Geração Z e bateu cerca de 30 milhões de usuários jogando ao mesmo tempo.
Esse número mostra que a galera mais nova não se importa com o tema — e, segundo Navok, as próximas gerações vão se importar ainda menos.
Ele até usou uma referência de The Dark Knight Rises: "You merely adopted the slop, I was born in it", que traduzido literalmente seria "Você apenas adotou a lama, eu nasci nela."
Com essa postura do público, o uso de IA nos jogos deve crescer muito. Navok comentou que vários estúdios já usam geração por IA na fase de conceitos e outros usam ferramentas como o Claude para escrever código.
Para ele, em pouco tempo vai ser raro encontrar um estúdio indie que não esteja usando esse tipo de ferramenta no dia a dia.
Mesmo que grande parte dos jogadores — principalmente os mais jovens — não esteja preocupada com o uso de IA, a forma como ela é aplicada pode mudar bastante a qualidade de um game, mesmo que isso não influencie tanto as vendas.
Um exemplo positivo vem da Embark Studios, que usou IA em ARC Raiders para criar mais falas de personagens. Antes disso, os dubladores foram pagos para liberar as próprias vozes como base para o sistema. O resultado é uma aplicação bem-feita, mas isso não quer dizer que vá superar o modelo "slop" em alcance.
Navok comentou que o jogo do Roblox deve continuar lucrando muito mais e por muito mais tempo, já tendo gerado algo entre 80 e 90 milhões de dólares desde o lançamento e mantendo altas marcas de jogadores, incluindo duas semanas seguidas com 20 milhões de pessoas ao mesmo tempo.
ARC Raiders mostra como a IA pode melhorar um jogo, mas existem outras formas interessantes de usar a tecnologia sem cair no estilo criticado por criadores e parte da comunidade.
Em Where Winds Meet, da Everstone Studio, alguns NPCs funcionam com chatbots de IA, o que cria conversas que vão do normal ao totalmente inesperado.
Já outros jogos seguem por um caminho rejeitado por muitos, como Call of Duty: Black Ops 7, que trocou artes reais dos "calling cards" por imagens geradas por IA que desagradaram bastante jogadores.








