Nos últimos anos, a Intel, uma das gigantes da tecnologia e referência mundial na fabricação de chips, vem passando por um momento complicado.
A empresa, que já foi líder absoluta no mercado de semicondutores, hoje reconhece que perdeu espaço para concorrentes mais ágeis e inovadores.
Essa realidade foi confirmada pelo próprio CEO da companhia, Lip-Bu Tan, que disse aos funcionários que a Intel "não está entre as 10 maiores empresas de semicondutores do mundo atualmente".
Essa afirmação não foi feita por acaso. A Intel vem tropeçando em áreas estratégicas, principalmente no setor de inteligência artificial (IA) e em sua divisão de fundição — que é a parte da empresa responsável pela fabricação dos chips em si.
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Enquanto outras empresas, como NVIDIA e AMD, surfaram na onda da IA e investiram pesado em tecnologias de ponta, a Intel demorou a reagir e acabou ficando para trás.
Segundo Lip-Bu Tan, o caminho para a recuperação será longo, difícil e exigirá mudanças profundas — o que ele mesmo comparou a uma "maratona".
E uma das primeiras atitudes já está sendo tomada, a redução no número de funcionários. Para o CEO, uma Intel mais enxuta pode ser mais rápida, mais eficiente e mais competitiva.
A queda da Intel não aconteceu de um dia para o outro. Ela vem de uma série de decisões mal planejadas e de uma certa demora em se adaptar às mudanças do mercado.
Há anos, a empresa dominava o setor de chips para computadores, mas com o avanço da tecnologia, surgiram novas demandas e oportunidades com o crescimento da inteligência artificial, dos processadores para celulares e da computação em nuvem.
Enquanto seus concorrentes corriam atrás dessas tendências, a Intel apostou demais no que já conhecia e acabou ficando para trás. Mesmo em segmentos onde costumava brilhar, como nos chips para PCs, a empresa perdeu espaço para a concorrência.
Outro ponto crítico foi a divisão de fundição, que não conseguiu entregar os resultados esperados. Essa divisão é vital, pois é responsável por fabricar os próprios chips da empresa e, idealmente, também atender a outras empresas — algo que concorrentes como a TSMC fazem com sucesso.
Segundo o próprio CEO, a Intel hoje tem poucas chances de competir no mercado de IA de forma ampla. Isso porque os concorrentes já estão muito à frente, com soluções mais eficientes e completas.
Ainda assim, a empresa pretende investir em Edge AI — uma tecnologia que coloca inteligência artificial diretamente nos dispositivos que usamos no dia a dia, como celulares, notebooks e eletrodomésticos inteligentes.
Essa abordagem pode ser uma saída interessante para a Intel voltar a ter presença no mercado de IA, mesmo que não seja na liderança do setor.
A ideia é integrar a IA aos chips que a empresa já fabrica, oferecendo mais velocidade e eficiência nos aparelhos usados por milhões de pessoas.
Outro foco da empresa está no desenvolvimento do processo de fabricação chamado 14A, que pode representar um novo recomeço para a Intel.
O CEO deixou claro que o atual processo 18A, que tinha a ambição de competir com as tecnologias de ponta da TSMC, por enquanto será avaliado apenas para uso interno.
Se o 14A for bem-sucedido, aí sim a empresa pode voltar a competir no mercado global de fundição. Mas, por enquanto, esse é um projeto com resultados incertos, que ainda depende de muito investimento, inovação e paciência.