Nos últimos dias, a computação quântica voltou aos holofotes com o lançamento do chip Willow, uma inovação apresentada pelo Google.
Essa tecnologia de ponta, que segundo a empresa, traz avanços impressionantes na área de computação, e até grandes nomes como Elon Musk e Sam Altman, comentaram sobre o potencial do dispositivo.
Mas, como acontece em muitas discussões tecnológicas, alguns céticos da criptografia já começaram a levantar questões sobre o Bitcoin estar sendo ameaçado por essa nova tecnologia.
Apesar de parecer alarmante à primeira vista, já que os supercomputadores são o assunto do momento por suspostamente quebrarem as barreiras da criptografia, a resposta é muito menos dramática do que os pessimistas sugerem.
Para entender isso, você precisa saber que o chip Willow apresentado pelo Google tem se destacado por dois motivos principais.
Primeiro, ele consegue reduzir erros de forma dinâmica à medida que mais qubits são adicionados ao sistema, um dos maiores desafios da computação quântica até agora.
Segundo, ele supostamente realizou uma tarefa que levaria 10 septilhões de anos para o supercomputador mais rápido do mundo concluir, e o fez em menos de 5 minutos.
Esses avanços são realmente impressionantes e, sem dúvida, representam um marco importante na evolução da tecnologia, mas segundo o especialista em tecnologia, Fábio Akita, eles não oferecem nenhum risco aos algoritmos de segurança existentes.
Antes de mais nada, é preciso entender que a ideia de que o Bitcoin poderia ser facilmente "quebrado" por essa tecnologia é, no mínimo, exagerada.
A ameaça à criptografia do Bitcoin
Quebrar a criptografia do Bitcoin seria um desafio monumental. De acordo com estimativas confiáveis, seriam necessários cerca de 1.500 qubits funcionando sem parar por pelo menos 15 a 20 anos para conseguir isso.
Para se ter uma ideia, o chip Willow do Google possui atualmente apenas 105 qubits. Ou seja, estamos muito longe de um cenário onde a criptografia do Bitcoin estaria em risco.
Mesmo que, no futuro, a computação quântica alcance capacidades teóricas para ameaçar o Bitcoin, a maior parte das carteiras ativas poderia migrar para assinaturas resistentes a quantum antes que o problema se tornasse realidade.
Essa solução é viável por meio de um soft fork, ou seja, uma atualização do próprio sistema Bitcoin para se proteger contra esse tipo de ameaça.
As carteiras inativas, por outro lado, seriam as únicas potencialmente vulneráveis. Essas são carteiras que não têm movimentações há anos e, muitas vezes, já são consideradas perdidas pelos próprios detentores.
O contexto atual do Bitcoin
Outro ponto a ser considerado é que o mercado de criptomoedas não opera em um vácuo. Recentemente, o preço do Bitcoin caiu para US$ 95.000, o que levou algumas pessoas a especularem que essa queda seria um reflexo direto das novidades na computação quântica.
Porém, especialistas apontam que o clima de aversão ao risco no mercado global tem um impacto muito maior nesse tipo de movimento.
Além disso, decisões de grandes empresas, como a Microsoft, das quais acionistas estão aparentemente contra novos investimentos em Bitcoin, também contribuem para esse cenário de baixa.
A computação quântica está evoluindo, mas sem trazer pânico
O chip Willow é, sem dúvida, uma conquista notável, e avanços como esse merecem atenção. Mas, não podemos esquecer que estamos em um estágio inicial da computação quântica.
Há muitas barreiras tecnológicas a serem superadas antes que essa tecnologia possa representar uma ameaça real ao Bitcoin ou a outras criptomoedas. Enquanto isso, os entusiastas do Bitcoin podem ficar tranquilos.
A comunidade cripto tem histórico de adaptação rápida a problemas de segurança, e não há motivos para acreditar que não faria o mesmo diante de avanços quânticos.
Como diz o ditado, "prevenir é melhor do que remediar", e o setor já está pensando em soluções futuras. Ou você pensou que eles iriam ficar parados diante disso?