Recentemente, o Bank of America (BofA) emitiu uma análise de mercado com projeções para o próximo ano no mercado PCs. Segundo o banco, a AMD, gigante do setor de chips, pode ter uma desaceleração em 2025.
A empresa teve sua classificação de ações rebaixada de "Compra" para "Neutra", e o preço-alvo caiu de US$ 180 para US$ 155.
Isso reflete preocupações sobre o impacto do crescimento do mercado de inteligência artificial (IA) e as limitações da AMD para competir de forma efetiva nesse cenário.
O dilema entre PCs e chips de IA
De acordo com o BofA, a AMD está navegando em águas turbulentas. Apesar de ter aproveitado um crescimento robusto em 2024, principalmente com um aumento de 40% nas vendas de PCs durante o primeiro semestre, o cenário pode mudar drasticamente no próximo ano.
A desaceleração do mercado de PCs é uma preocupação, principalmente após um desempenho de destaque que gerou US$ 2,86 bilhões em receita na primeira metade de 2024 – 65% a mais do que no mesmo período de 2023.
Contudo, o verdadeiro desafio parece estar na corrida por chips de IA. Enquanto a AMD tenta expandir sua participação nesse mercado, concorrentes como Marvell e Broadcom estão ganhando terreno.
Além disso, a demanda esmagadora por GPUs da NVIDIA impulsionou grandes empresas de tecnologia, como Amazon e Google, a buscarem soluções personalizadas para suas necessidades de IA. Isso limita ainda mais o espaço da AMD para crescer no setor.
O mercado de IA é um dos territórios mais competitivo do momento
Diferentemente do mercado de processadores x86, dominado principalmente por AMD e Intel, o mercado de chips de IA está se expandindo para incluir novos players.
Marvell e Broadcom estão emergindo como nomes de peso, especialmente à medida que investem em processadores de IA personalizados.
A Broadcom, por exemplo, está colaborando com a OpenAI para desenvolver GPUs próprias, reduzindo a dependência das soluções da NVIDIA.
Enquanto isso, a Marvell reportou grandes progresso em seus projetos de silício personalizado, o que deve contribuir para o crescimento do mercado de data centers.
Segundo a empresa, programas focados em IA começarão a mostrar resultados ainda mais expressivos no terceiro trimestre fiscal.
Essas movimentações mostram que, apesar da AMD ter uma posição sólida no mercado de processadores, enfrenta barreiras maiores para se firmar no competitivo setor de aceleradores de IA.
Por que a desaceleração é preocupante?
A AMD se mostrou resiliente este ano, beneficiando-se da fragilidade da Intel no mercado de CPUs, o BofA acredita que o cenário de 2025 será mais restrito.
O domínio da NVIDIA e o avanço de outros competidores colocam a AMD em uma posição de desvantagem. Além disso, a tendência de desaceleração no mercado de PCs pode pressionar ainda mais a empresa.
Segundo o BofA, a receita da AMD deve crescer entre 15% e 20% ao ano, mas a falta de diversificação em um mercado de IA altamente competitivo pode limitar o potencial de longo prazo da companhia.
Assim, o banco revisou seu cálculo de preço/lucro para 2026, reduzindo-o para 28 vezes. Aparentemente a AMD vai precisar se reinventar para lidar com os desafios que vêm por aí.
A competição não está apenas dentro dos limites tradicionais, mas também em novos territórios como o mercado de IA e soluções personalizadas.
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O avanço de concorrentes como Marvell e Broadcom mostram que o setor de tecnologia é dinâmico e imprevisível. Empresas que não se adaptam rapidamente correm o risco de perder relevância, mesmo quando possuem produtos de qualidade.