Serviços de assinatura de jogos prejudicam desenvolvedores, dizem ex-executivos da indústria

Xbox Game Pass e Playstation Plus

Nos últimos anos, serviços de assinatura como Game Pass (da Microsoft) e PlayStation Plus (da Sony) viraram tendência no mercado de games.

Para muitos jogadores, a ideia de pagar uma mensalidade e ter acesso a dezenas de títulos parece perfeita. Mas, segundo nomes de peso da indústria, esse modelo não está sendo justo com quem realmente cria os jogos.

Pete Hines, ex-chefe de Publicação e Comunicação da Bethesda, deu uma entrevista ao portal Dbltap na qual fez críticas diretas a esses serviços.

Hines, que deixou a empresa em outubro de 2023, afirmou que os criadores de conteúdo não estão sendo devidamente recompensados quando seus jogos entram nesses catálogos. Nas palavras dele:

"Se você não consegue equilibrar as necessidades do serviço com as necessidades das pessoas que criam o conteúdo – sem o qual a assinatura não vale nada – então você tem um problema sério. É preciso reconhecer, compensar e valorizar o trabalho de quem desenvolve esses jogos."

Hines também disse que essa falta de equilíbrio acaba prejudicando não só os estúdios, mas também toda a cadeia criativa, já que os jogos passam a ser vistos mais como "produtos de catálogo" do que como obras que exigem anos de desenvolvimento.

A fala de Hines ganhou respaldo de Shannon Loftis, que trabalhou por quase 30 anos na Microsoft e foi vice-presidente da Xbox Game Studios até 2022. Em uma postagem no LinkedIn, ela reforçou a crítica:

"O Game Pass tem alguns casos de sucesso, como Human Fall Flat, que poderia ter passado despercebido sem o serviço. Mas, na maioria das vezes, a adoção no Game Pass acontece às custas da receita de vendas tradicionais, a não ser que o jogo já tenha sido planejado desde o início para monetização pós-lançamento."

Ou seja, para a maioria dos jogos, o que entra de um lado (exposição e número de jogadores) sai do outro (queda de vendas diretas). Mesmo com as críticas, o mercado de assinaturas continua crescendo.

Dados recentes de junho de 2025 mostram que os serviços de games nos EUA bateram um recorde de US$ 562 milhões em faturamento, segundo Mat Piscatella, diretor da Circana.

Isso reforça que, do ponto de vista das grandes empresas como Microsoft e Sony, o modelo é lucrativo e deve seguir em expansão. A dúvida é se os desenvolvedores independentes e até grandes estúdios vão receber sua parte de forma justa.

Na mesma entrevista, Hines também comentou sobre um dos episódios mais polêmicos da Bethesda: a edição de colecionador de Fallout 76.

A edição prometia incluir uma bolsa de lona (canvas bag), mas os compradores receberam uma versão de nylon de qualidade inferior. A compensação inicial foi apenas 500 Atoms (moeda digital do jogo), o que gerou críticas pesadas.

Hines admitiu que demorou a agir para corrigir a falha, mas, depois de muita pressão, a Bethesda enviou a bolsa de lona prometida para os jogadores.