Samsung trabalha em nova tecnologia de câmera que também interessa a Apple

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O mercado de smartphones já chegou a um nível de maturidade em que o formato básico dos aparelhos mudou pouco nos últimos anos.

A expectativa agora gira em torno do iPhone dobrável, previsto para o próximo ano, com analistas apostando que a entrada da Apple nesse segmento pode tirar os dobráveis de um nicho restrito e levá-los a um público maior.

Mesmo assim, os celulares dobráveis existem há quase uma década e ainda não criaram um salto técnico que realmente diferencie os produtos.

Diante desse cenário, fabricantes como Apple e Samsung passaram a concentrar esforços em tecnologias de câmera de nova geração como forma de se destacar. E a Samsung parece ter avançado nesse ponto.

Segundo informações da imprensa sul-coreana, a Samsung está desenvolvendo um sensor de imagem em alta definição com características de obturador global, pensado para smartphones de próxima geração.

A tecnologia permitiria capturar objetos em movimento muito rápido com mais precisão, algo que também desperta interesse direto da Apple para futuros iPhones.

Hoje, praticamente todos os celulares usam o chamado rolling shutter para registrar imagens em alta resolução. Nesse método, as linhas de pixels são expostas de forma sequencial.

Quando o objeto se move rápido, isso gera distorções visuais, como imagens "tortas" ou borradas. No obturador global, todas as linhas de pixels são expostas ao mesmo tempo, o que registra o quadro completo de uma só vez e reduz esses problemas.

Levar esse tipo de sensor para smartphones sempre foi complicado. A estrutura é mais complexa e exige pixels maiores, o que acaba afetando a resolução final.

A Samsung contornou essa limitação ao criar uma nova estrutura de pixel baseada em um sensor de 12 megapixels com pixels de 1,5 micrômetro, originalmente usado em lentes com rolling shutter.

Em sensores tradicionais, o sinal analógico captado pelo pixel é convertido em digital apenas no conversor ADC. No novo desenho da Samsung, esse conversor fica integrado ao próprio pixel, criando um ADC em nível de pixel.

Isso aumenta o tamanho físico de cada unidade, já que os menores pixels com essa abordagem chegam a cerca de 3 micrômetros, contra os 1,5 micrômetros comuns em celulares topo de linha.

Para manter o tamanho reduzido, a empresa manteve o pixel de 1,5 micrômetro, mas agrupou quatro deles em um bloco 2x2, formando uma unidade básica de 3 micrômetros. Um representante da Samsung explicou que, nesse arranjo, quatro pixels compartilham um único ADC.

Apenas a área 2x2 funciona de forma sequencial, enquanto o restante atua como obturador global. Ainda existe um pequeno nível de distorção, já que parte do processo segue o modelo rolling shutter.

Para corrigir isso, a Samsung extrai o fluxo óptico da imagem, analisando a variação de brilho de cada pixel quando há movimento da câmera ou do objeto, e aplica compensação de movimento por software.

Com esse tratamento, a empresa conseguiu um sensor de alta resolução com comportamento próximo ao de um obturador global, mesmo com pixels bem pequenos.

A Samsung pretende apresentar esses resultados na ISSCC 2026, conferência internacional vista como uma das mais importantes do setor de circuitos semicondutores.

Do lado da Apple, o interesse por sensores com obturador global aparece em patentes que descrevem o uso desse tipo de tecnologia em iPhones.

As duas empresas também mantêm cooperação no desenvolvimento de sensores CMOS de nova geração. Sensores CMOS são chips responsáveis por converter luz em imagens digitais.

Eles usam milhões de pixels sensíveis à luz, cada um com um fotodiodo e circuitos internos que transformam a carga elétrica em sinal digital.

Recentemente, a Samsung também registrou marcas ligadas ao nome "DeepPix", o que indica uma possível transição para uma nova linha de sensores, deixando o ISOCELL em segundo plano.

A Apple, por sua vez, segue testando soluções diferentes para câmeras. Informações recentes indicam que o iPhone dobrável pode chegar com câmera sob a tela e resolução de 24 MP.

A tela desse modelo deve usar a tecnologia COE, que reduz a espessura do painel, melhora a eficiência de brilho, aumenta a resolução e diminui o peso.

Há ainda indícios de que o Face ID do iPhone 18 fique escondido sob a tela, usando um tipo de vidro microtransparente na área acima do sensor para permitir a passagem de luz.

Mais adiante, o iPhone 20, previsto para 2027, pode adotar um sensor de 100 MP baseado em LOFIC, um tipo de CMOS que lida melhor com cenas de alto contraste, registrando detalhes em áreas claras e escuras com menos ruído.

O movimento mostra que a Apple aposta cada vez mais em tecnologias avançadas de câmera como um dos principais caminhos para se diferenciar no mercado de smartphones nos próximos anos.

Romário Leite
Fundador do TecFoco. Atua na área de tecnologia há mais de 10 anos, com rotina constante de criação de conteúdo, análise técnica e desenvolvimento de código. Tem ampla experiência com linguagens de programação, sistemas e jogos. Estudou nas universidades UNIPÊ e FIS, tendo passagem também pela UFPB e UEPB. Hoje, usa todo seu conhecimento e experiência para produzir conteúdo focado em tecnologia.