Intel sobe na bolsa com novo CEO: Lip-Bu Tan pode salvar a empresa?

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A Intel andava meio capenga no mercado nos últimos tempos, mas nas últimas semanas, a coisa mudou de figura depois de algumas mudanças.

Primeiro, começaram a circular informações de que o governo dos EUA estaria incentivando a TSMC a dar uma mãozinha na divisão de fundição da Intel.

Isso poderia acontecer de duas formas: uma transferência de tecnologia ou até mesmo uma parceria operacional entre as empresas.

Mas o verdadeiro empurrão para a valorização das ações da Intel veio com o anúncio de que Lip-Bu Tan assumirá como novo CEO da empresa.

A nomeação pegou bem no mercado, e um dos primeiros a demonstrar empolgação foi o Bank of America (BofA), com o analista Vivek Arya revisando sua projeção para as ações da Intel, subindo o alvo de preço de US$ 19 para US$ 25. Vale lembrar que no pré-mercado, a ação já estava batendo os US$ 23.

Por que o mercado gostou tanto de Lip-Bu Tan?

Vivek Arya e sua equipe, do Bank of America, apontaram alguns fatores que fazem de Lip-Bu Tan um nome de peso para comandar a Intel:

  • Histórico de sucesso na Cadence Design Systems (CDNS): Durante o tempo em que Lip-Bu Tan foi presidente executivo da empresa, as ações da CDNS valorizaram 32 vezes, enquanto o índice SOX, que mede o desempenho da indústria de semicondutores, cresceu “apenas” 16 vezes no mesmo período.
  • Experiência prévia com a Intel: Ele já fez parte do conselho da Intel, ou seja, não está chegando de paraquedas e conhece bem os desafios internos da empresa.
  • Relações fortes com a indústria global: Como presidente da Walden International, uma firma de capital de risco, ele tem contatos estratégicos nos mercados de semicondutores dos EUA e da Ásia, o que pode facilitar parcerias e investimentos importantes.

Os desafios que Lip-Bu Tan vai enfrentar

Apesar do otimismo, o próprio Arya fez questão de lembrar que a Intel tem um caminho cheio de obstáculos pela frente. Entre os principais desafios, ele citou:

  • Ausência de uma estratégia clara para inteligência artificial (IA): Enquanto outras empresas estão avançando rapidamente nesse setor, a Intel ainda não mostrou um plano concreto.
  • Concorrência cada vez maior: Rivais que utilizam chips baseados na arquitetura ARM estão ganhando espaço tanto no mercado de PCs quanto no de servidores.
  • Cenário econômico complicado: A economia global está enfrentando incertezas, o que pode dificultar os planos de recuperação da empresa.

Possível divisão da Intel e os riscos envolvidos

Nos últimos dias, surgiram boatos de que a Intel poderia dividir suas operações, separando a fabricação de chips do restante da empresa.

Essa possibilidade também foi analisada pelo BofA, que destacou vários problemas que poderiam surgir com essa estratégia:

  • Aprovação regulatória complicada: Por ter uma fatia de cerca de 70% do mercado de processadores para PCs e servidores, uma divisão da Intel exigiria aprovação de órgãos reguladores de vários países, incluindo a China.
  • Diferenças na produção da Intel e da TSMC: A tecnologia de fabricação da Intel não é totalmente compatível com a da TSMC, o que poderia dificultar qualquer parceria entre as duas empresas.
  • Investimentos da TSMC nos EUA: A TSMC já está investindo em fábricas no Arizona para atender clientes do setor de inteligência artificial, o que pode reduzir o interesse dela em uma colaboração com a Intel.
  • Endividamento elevado da Broadcom (AVGO): A Broadcom poderia ser uma parceira nessa divisão, mas ela já tem uma dívida considerável, o que limita sua capacidade de investimento.
  • Restrições do CHIPS Act: A lei dos EUA que incentiva a produção local de semicondutores exige que as empresas que recebem incentivos mantenham pelo menos 50% da fabricação sob seu controle. Isso pode dificultar a separação das operações da Intel.

Outro ponto levantado pela Lynx Equity é a falta de uma justificativa forte para que a TSMC tenha interesse na divisão de fundição da Intel.

Atualmente, a capacidade de produção global de chips não está em escassez, e os processos da Intel para fabricação de chips mais avançados ainda apresentam muitos desafios.

Além disso, a relação da Intel com o governo dos EUA, no contexto do CHIPS Act, adiciona mais incertezas ao cenário.

É inegável que a chegada de Lip-Bu Tan ao comando da Intel trouxe um novo ânimo para o mercado, e analistas acreditam que ele tem o perfil ideal para tentar reverter a situação da empresa.

Porém, há muitos desafios no caminho, desde a falta de uma estratégia clara para IA até a concorrência crescente e as incertezas econômicas. A possível divisão da Intel também levanta dúvidas sobre sua viabilidade e impacto no mercado.

O que resta agora é esperar para ver quais serão as primeiras decisões de Lip-Bu Tan e se ele conseguirá recuperar a força da Intel no setor de semicondutores.

Romário Leite
Fundador do TecFoco. Atua na área de tecnologia há mais de 10 anos, com rotina constante de criação de conteúdo, análise técnica e desenvolvimento de código. Tem ampla experiência com linguagens de programação, sistemas e jogos. Estudou nas universidades UNIPÊ e FIS, tendo passagem também pela UFPB e UEPB. Hoje, usa todo seu conhecimento e experiência para produzir conteúdo focado em tecnologia.