O chefão da Take-Two, Strauss Zelnick, comentou no programa Squawk Box, da CNBC, que os personagens de jogos devem passar por um tipo de treinamento com IA usando roteiros escritos por pessoas para conversar de um jeito mais natural com quem estiver jogando.
Segundo ele, isso tende a virar algo comum, deixando para trás aquelas falas travadas e limitadas ao que os desenvolvedores imaginaram na criação do jogo.
Zelnick explicou que, até hoje, praticamente tudo o que um personagem faz precisa ser escrito à mão. Como um jogo é interativo, o volume de roteiro é enorme.
Ele comentou que os autores continuam sendo fundamentais e que sempre vai existir muito conteúdo criado manualmente, mas que esses personagens poderiam aprender justamente com esse material escrito pelos roteiristas e, a partir disso, conversar de um modo mais solto.
Para ele, esse caminho já está no horizonte. Com isso, muita gente começou a pensar se essa não seria uma das grandes apostas da Rockstar Games para GTA VI, que está previsto para chegar daqui a um ano — caso não ocorra mais atrasos.
Dois dias antes do comentário do executivo, circulou um rumor dizendo que o jogo teria recursos tão ambiciosos que poderiam ficar sem concorrência por "décadas".
Mesmo que GTA VI não venha com algo assim, a tecnologia já existe. Plataformas como NVIDIA ACE e Inworld AI já conseguem fazer personagens reagirem a conversas naturais, levando em conta o que eles "sabem" dentro do universo do jogo.
Para quem joga no Brasil, isso pode abrir espaço para NPCs que entendem melhor o contexto, reagindo de forma mais convincente e deixando a imersão bem forte, mesmo para quem não domina inglês ou não acompanha termos técnicos.
Só que esse assunto aparece num momento em que o uso de IA vem causando tensão no mercado. Black Ops 7 recebeu críticas por usar elementos feitos por IA, chamados por parte da comunidade de "AI slop".
Já ARC Raiders foi alvo de reclamações por colocar IA para fazer vozes de NPCs. Em entrevista ao portal GamesIndustry, os criadores de Dispatch, um jogo episódico que fez bastante sucesso, comentaram:
"Você não vai se surpreender porque é feito em cima de algo que você já ouviu antes se seguir pelo caminho da IA. Então, sendo sincero, IA soa como uma solução de produção, não algo criativo. Talvez seja algo criativo se você não for criativo."
O tema, claro, não termina aí. Além de conversas e vozes, a IA também está sendo usada dentro das empresas de games para agilizar processos.
Zelnick comentou no programa da CNBC que a Take-Two já usa a tecnologia para ganhar agilidade no desenvolvimento e no marketing.
Ele disse que isso não significa demissões, e sim tirar tarefas repetitivas do caminho para que as equipes trabalhem com algo mais interessante dentro do processo criativo. Segundo ele, essa busca por tarefas menos burocráticas é algo que praticamente toda empresa está fazendo.
Ele disse que a Take-Two já observa resultados iniciais positivos nesse sentido, reforçando que a intenção é liberar mais tempo para o pessoal trabalhar em coisas mais criativas.
Esse tipo de visão também apareceu em falas recentes de nomes conhecidos da indústria, como Hideo Kojima e Ricard Pillosu. Mas talvez a fala mais direta tenha sido de Dean Hall, que disse ao Wccftech:
"Acho que, independentemente do que a gente faça, a IA já está aí. Então a questão é como vamos lidar com o efeito disso."








