Cientistas da Universidade de Auburn, em Alabama, EUA, estão buscando soluções para proteger os peixes contra patógenos e melhorar a aquicultura, inserindo genes de jacaré no genoma de bagres.
O gene antimicrobiano, conhecido como catelicidina, desempenha um papel crucial na resposta imune de répteis a bactérias e vírus.
Além disso, a terapia hormonal foi realizada para tornar os animais estéreis, evitando a invasão do ambiente natural dos bagres e protegendo as linhagens comuns do peixe.
Bagres são peixes da família Ictaluridae, que inclui muitas espécies comumente conhecidas como peixes-gato. Eles são nativos da América do Norte e são amplamente utilizados na aquicultura para a produção de carne de peixe.
Estes peixes são conhecidos por serem muito suscetíveis a infecções bacterianas e fatores abióticos, como mudanças no ambiente, e também têm desenvolvido resistência aos antibióticos.
Isso tem ameaçado a sustentabilidade da indústria da aquicultura e, por isso, os cientistas estão trabalhando para melhorar o sistema imunológico dos bagres através de técnicas de edição genética.
Aquicultura e mudanças climáticas
A aquicultura tem um impacto significativo nas mudanças climáticas e é afetada por elas. Nos Estados Unidos, mais da metade dos peixes criados em cativeiro são bagres, mas quase 45% não sobrevivem além da fase de alevino, ameaçando o meio-ambiente e a sustentabilidade da indústria.
Os bagres são altamente suscetíveis a infecções bacterianas e fatores abióticos, bem como ao desenvolvimento da resistência a antibióticos.
O objetivo da pesquisa é dar a esses animais uma chance maior de sobrevivência, mesmo que sejam utilizados pela indústria.
Técnica CRISPR
A modificação genética foi realizada usando a técnica CRISPR, que revolucionou a edição genômica ao torná-la mais eficiente, acessível e precisa. A enzima Cas9 foi utilizada para integrar a catelicidina dos jacarés-da-china nos bagres-americanos.
Os jacaré-da-chinas podem ser encontrados em países como a China, Vietnã, Laos e Camboja, e habitam principalmente rios, lagos e outros corpos d'água.
Ele é uma das maiores espécies de jacaré, podendo chegar a medir até três metros de comprimento e pesar mais de 200 quilos.
O jacaré-da-china é um animal noturno e geralmente passam a maior parte do dia escondidos nas margens dos corpos d'água.
Sua alimentação consiste principalmente de peixes, anfíbios, aves e até mesmo animais de porte médio, como porcos-espinhos ou cervos.
Os jacaré-da-chinas são animais solitários e territorialistas, mas tendem a ser mais ativos durante a época de acasalamento. As fêmeas geralmente põem entre 20 e 50 ovos, que são cuidados pelo macho até eclodirem.
Infelizmente, o jacaré-da-china é uma espécie ameaçada devido à perda de habitat e à caça ilegal. Eles são considerados uma iguaria na culinária asiática e são frequentemente capturados para fins alimentares.
Questões éticas
Embora a questão da fuga e reprodução dos peixes modificados tenha sido resolvida por meio da esterilização, a viabilidade dos aquicultores em ter um peixe não-reprodutivo fabricado em laboratório é questionável.
Além disso, a aprovação de peixes transgênicos pode se revelar um problema, devido às polêmicas éticas envolvendo a modificação genética da fauna.
A aceitação pública de peixes modificados geneticamente pode ser difícil, apesar dos pesquisadores afirmarem que os comeriam "sem pestanejar".
Via: bioRxiv