A cadeia global de suprimentos de armazenamento passa por um momento delicado. Um novo relatório aponta que os preços dos discos rígidos (HDDs) registraram a maior alta dos últimos dois anos, com aumento de 4% em contratos trimestrais.
O movimento acontece em meio a uma pressão crescente causada pela expansão acelerada de data centers ao redor do mundo.
A adoção de HDDs ganhou força com a construção em larga escala de centros de dados, impulsionada principalmente por empresas de tecnologia envolvidas com inteligência artificial.
O setor cresceu rápido e passou a desequilibrar uma cadeia de fornecimento que vinha funcionando de forma estável há anos. Com grandes companhias disputando capacidade produtiva, os fornecedores estão com dificuldades para acompanhar a demanda.
De acordo com um levantamento do Nikkei, o reajuste de 4% no preço dos HDDs no último trimestre foi o mais alto registrado nos últimos oito trimestres.
A maior parte dessa procura vem de data centers localizados nos Estados Unidos, onde os discos rígidos seguem como a principal solução para armazenar grandes volumes de dados.
A base da inteligência artificial é o uso massivo de informações. Para guardar esse volume, que chega à casa dos exabytes, provedores de serviços em nuvem recorrem aos HDDs por conta do custo mais baixo em comparação a outras tecnologias.
Esses discos armazenam dados coletados da internet, cópias de segurança, registros de inferência, informações processadas e diversos outros conteúdos usados no treinamento e operação de modelos de IA.
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Esse avanço rápido no uso de HDDs colocou os fabricantes sob forte pressão. Empresas do setor já indicam que a procura deve superar a capacidade de produção, com chance de esse cenário se espalhar a partir de 2026 e chegar também ao mercado varejista.
Com a ampliação dos data centers voltados à IA e o aumento das tarefas de inferência, a tendência é de uso ainda maior desses discos nos próximos anos.
Para os fabricantes, atender o setor de inteligência artificial tende a gerar mais retorno financeiro, movimento parecido com o que ocorreu no mercado de memória DRAM, onde clientes ligados à IA passaram a ter prioridade em relação a aplicações tradicionais.
Segundo a DigiTimes, a demanda por HDDs nearline de alta capacidade, usados em data centers, segue forte. A consultoria TrendForce afirma que, mesmo com fábricas operando no limite, a oferta não consegue acompanhar o crescimento das necessidades de armazenamento dos provedores de nuvem dos Estados Unidos.
Esse cenário está diretamente ligado à expansão da inteligência artificial, da computação em nuvem e de cargas de trabalho intensivas em dados.
Por muitos anos, os HDDs ficaram conhecidos como a opção mais barata para armazenamento em larga escala. Esse cenário pode mudar.
Empresas como Transcend e Phison já alertaram o mercado sobre riscos de escassez, o que aumenta a possibilidade de novos reajustes de preço nos próximos períodos.








