A OpenAI, uma entidade sem fins lucrativos que se dedica a pesquisar e desenvolver inteligência artificial (IA) para o bem da humanidade, está enfrentando uma grave crise interna e externa.
Elon Musk, um dos seus cofundadores, entrou com uma ação judicial contra a entidade, o seu CEO, Sam Altman, e a Microsoft, sua principal investidora, por desviarem-se da missão original da organização.
Na ação, que foi protocolada na quinta-feira (29) à noite, Elon Musk alega que Sam Altman e a OpenAI violaram o contrato, a promessa e o dever fiduciário da organização sem fins lucrativos, ao se distanciarem do objetivo de criar uma inteligência artificial geral (AGI) de código aberto, supostamente sob a pressão da Microsoft:
"A OpenAI, Inc. se tornou uma subsidiária de fato da maior empresa de tecnologia do mundo: a Microsoft. Sob o seu novo conselho, ela não está apenas desenvolvendo, mas na verdade aprimorando uma AGI para maximizar os lucros da Microsoft, em vez de para o benefício da humanidade."
Musk critica especialmente o caráter fechado do modelo de linguagem GPT-4 da OpenAI, que é considerado um dos mais avançados do mundo. Segundo ele, o modelo é mantido em segredo por razões comerciais:
"E está fechado por razões comerciais de propriedade: a Microsoft espera ganhar uma fortuna vendendo o GPT-4 ao público, o que não seria possível se a OpenAI como é obrigada a fazer disponibilizasse a tecnologia gratuitamente ao público."
De acordo com Musk, o espírito sem fins lucrativos da OpenAI foi corrompido por "um CEO puramente com fins lucrativos e um conselho com conhecimento técnico inferior em políticas públicas de AGI e IA".
Por isso, o CEO da Tesla pediu ao tribunal que concedesse uma liminar para impedir que a OpenAI, o seu presidente Gregory Brockman, o seu CEO Sam Altman e a Microsoft lucrassem com a tecnologia de IA da organização sem fins lucrativos.
História de Musk na OpenAI
Para quem não sabe, Elon Musk foi cofundador da OpenAI, mas deixou o seu conselho em 2018. O CEO da Tesla está atualmente tentando se atualizar com o GPT-4 por meio do modelo Grok da xAI.
Atualmente, a OpenAI mantém uma parceria exclusiva com a Microsoft, que possui uma participação de 49% na empresa focada em IA.
Em janeiro de 2023, a Microsoft investiu US$ 10 bilhões na OpenAI, elevando os seus investimentos totais na empresa para US$ 13 bilhões.
Em troca do fornecimento desse financiamento, bem como do acesso ao seu serviço de computação em nuvem Azure, a Microsoft recebeu direitos a 75% dos lucros da OpenAI até que a gigante tecnológica consiga recuperar a totalidade do seu investimento de 13 bilhões de dólares.
Posteriormente, a Microsoft receberá 49% dos lucros da OpenAI até que esses retornos atinjam a marca de 92 bilhões de dólares, após o que as ações da Microsoft reverterão para a fundação sem fins lucrativos da OpenAI.
No final de 2023, Altman foi demitido pelo conselho da organização sem fins lucrativos por "não [ser] consistentemente sincero em suas comunicações" com os diretores.
Esta etapa, no entanto, desencadeou uma revolta interna completa repleta de inúmeras saídas de alto nível, que eventualmente abriu o caminho para o retorno de Sam Altman como CEO da empresa, apoiado por um conselho inteiramente novo e pela liderança da Microsoft.
Muitos acreditam que a antiga diretoria da OpenAI estava insatisfeita com a orientação comercial de Sam Altman sob a influência da Microsoft. Alguns defendem que a diretoria se intimidou com o avanço acelerado da OpenAI no campo da AGI.
Paralelamente, a SEC iniciou uma apuração sobre as denúncias feitas pela antiga diretoria da OpenAI, que acusou Altman de usar estratégias fraudulentas. No entanto, essa apuração ainda está em estágio inicial e não se sabe se haverá alguma acusação formal.