Parece que os produtos de informática para consumidor — tipo PCs, processadores e placas de vídeo — estão com risco de ficarem bem mais caros no mundo inteiro.
Isso porque o governo de Donald Trump está analisando uma política que aplicaria tarifas (impostos de importação) com base no "conteúdo de chips" de um dispositivo — ou seja, dependendo de quantos e quais chips ele carrega.
A ideia é que o Departamento de Comércio dos EUA estudaria taxar produtos importados com uma alíquota que corresponda a uma porcentagem estimada do valor dos chips contidos neles.
Se um produto é fabricado em países que fazem os chips fora dos EUA — como muitos CPUs ou GPUs — ele poderia ser alvo dessas tarifas, de acordo com um relatório da Reuters.
O propósito por trás dessa proposta é mandar um recado para empresas como a TSMC (fabricante de chips externa) ou outras que usam fábricas no exterior para que elas migrem produção para dentro dos EUA, em vez de adotar uma estratégia de "fornecimento duplo" (fazer parte nos EUA e parte no exterior).
Para que isso funcione, porém, o governo americano teria que criar uma estrutura para calcular a origem e o destino do produto, seu tipo, quantos chips ele tem, que tipo de chip cada dispositivo contém — e isso dá uma trabalheira operacional enorme.
No cenário de hardware de consumidor, muitos dos chips usados em GPUs (como as linhas RTX da NVIDIA ou as Radeon da AMD) vêm de países como Taiwan, Tailândia e Indonésia. E boa parte desses chips são produzidos nas fábricas da TSMC em Taiwan.
O mesmo vale para CPUs de consumo, por exemplo os processadores Ryzen da AMD — eles estariam sujeitos a essas tarifas, caso a proposta avance.
Em reportagens anteriores, já se falou que, caso essas políticas entrem em vigor, as tarifas poderiam chegar a até 100% se as empresas não aceitarem os termos. Ou seja, dobrar o preço do componente.
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Para se ter uma ideia de como isso poderia afetar os valores, veja estimativas feitas para alguns produtos caso fosse aplicada uma tarifa de 100%:
Produto | Preço de lançamento (MSRP) | Estimativa com 100% de tarifa | Preço aproximado em reais | Estimativa em reais com 100% de tarifa |
---|---|---|---|---|
AMD Ryzen 7 9800X3D | US$ 479 | ≈ US$ 958 | ≈ R$ 2.547,28 | ≈ R$ 5.094,56 |
NVIDIA GeForce RTX 5080 | US$ 999 | ≈ US$ 1.998 | ≈ R$ 5.310, ≈ R$ 5.311, ≈ R$ 5.306,68 (arredondado) | ≈ R$ 10.622, ≈ R$ 10.621,36 (arredondado) |
NVIDIA GeForce RTX 5090 | US$ 1.999 | ≈ US$ 3.998 | ≈ R$ 10.623, ≈ R$ 10.620,68 (arredondado) | ≈ R$ 21.247,36 |
AMD Radeon RX 9070 XT | US$ 599 | ≈ US$ 1.198 | ≈ R$ 3.185, ≈ R$ 3.185, ≈ R$ 3.185,68 (arredondado) | ≈ R$ 6.371,36 |
Mesmo que algumas destas tarifas pareçam especulativas por enquanto (já que a política ainda não entrou em vigor), o impacto pode ser brutal e pode afetar outros países, incluindo o Brasil.
A própria AMD tem mostrado movimentações para produzir CPUs Ryzen na fábrica da TSMC no Arizona (EUA). E a NVIDIA também tenta caminhar para garantir operações americanas.
Isso pode significar que alguns de seus produtos talvez não fiquem sujeitos às novas tarifas, dependendo de como as regras forem desenhadas. Mesmo assim, a possibilidade permanece até que as políticas estejam plenamente definidas.