Os semicondutores, aqueles minúsculos chips que fazem celulares, carros, computadores e até geladeiras funcionarem, estão no centro de uma disputa pesada entre Estados Unidos e China. E o cenário não é nada animador para o futuro desse mercado.
Hoje, quem estuda o mercado de tecnologia de perto, como a empresa TechInsights, diz que se a guerra de tarifas continuar do jeito que está, o mercado global de semicondutores pode encolher em um terço até 2026.
Desde 2018, Estados Unidos e China vêm trocando tarifas pesadas. Tudo ficou ainda mais complicado com os recentes movimentos do governo Trump.
Para tentar conter uma crise no mercado financeiro interno, os EUA reduziram a tarifa média para 10% para a maioria dos parceiros comerciais — menos para a China, que continua tendo uma taxação altíssima de 145% nos seus produtos.
Trump também retirou temporariamente as tarifas sobre chips, eletrônicos e smartphones vindos da China, como o iPhone, mas aplicou uma taxa especial de 20% ligada a produtos relacionados ao Fentanil.
Além disso, há conversas dentro da Casa Branca para liberar algumas montadoras de tarifas mais pesadas, ajudando empresas a mudarem suas fábricas de países como México e Canadá.
Enquanto isso, a China reagiu colocando tarifas de 125% em tudo que compra dos EUA e ainda bloqueou a venda de metais raros para os americanos — materiais que são essenciais na fabricação de motores elétricos e outros produtos tecnológicos.
Para quem pensa que os EUA podem simplesmente começar a minerar esses metais por conta própria, não é tão simples assim. Esse processo exige muito dinheiro, estrutura e uma rede gigante de fornecedores.
Segundo a TechInsights, se o mundo caminhar para uma tarifa global de 10%, o mercado de semicondutores deve chegar a US$ 844 bilhões em 2026, crescendo 8,6% ao ano. Para comparação, em 2025 o valor esperado é de US$ 777 bilhões.
Só que se o impasse tarifário entre EUA e China continuar pesado, com cada lado aplicando taxas acima de 100%, o mercado de chips pode despencar. Em 2025, cairia para US$ 696 bilhões.
Já em 2026, o valor despencaria para US$ 557 bilhões — ou seja, uma queda de aproximadamente 34% em relação ao cenário positivo.
Esse desfecho ruim também elevaria a tarifa média de importação dos EUA para 40%, complicando ainda mais o comércio global. Existe ainda uma situação intermediária considerada pela TechInsights.
Report: If U.S.-China tariffs exceed 40%, next year's semiconductor market size could shrink by around 34% compared to initial forecasts
According to market research firm TechInsights on the 26th, the growth of the global semiconductor market is expected to fluctuate… pic.twitter.com/f38lf91DaF
— Jukanlosreve (@Jukanlosreve) April 27, 2025
Se as tarifas dos EUA sobre produtos chineses ficarem entre 30% e 40%, e o restante do mundo adotar tarifas entre 20% e 40%, o mercado seria de US$ 736 bilhões em 2025 e US$ 699 bilhões em 2026.
Mesmo assim, ainda seria uma queda em comparação ao crescimento esperado sem tanta guerra comercial. Pode parecer um problema distante, mas a crise nos semicondutores afeta a vida de todo mundo.
Preços de celulares, carros e até eletrodomésticos podem subir. Produtos novos podem demorar para chegar ou ficar mais caros. Empresas que dependem de tecnologia podem ter que cortar custos — e isso inclui empregos.
Além disso, menos semicondutores significa menos inovação. As novas tecnologias, como carros autônomos, cidades inteligentes e equipamentos médicos avançados, dependem de chips cada vez mais sofisticados.
A guerra comercial entre EUA e China, portanto, não é só uma briga de gigantes, é algo que pode bater diretamente no bolso e no dia a dia de pessoas comuns em todo o mundo.