Durante o Intel Tech Tour, a gigante dos semicondutores anunciou uma mudança na sua estratégia, a partir de agora, a empresa vai adotar um ciclo anual de lançamento de produtos voltados para inteligência artificial.
Essa decisão coloca a Intel mais próxima das práticas de concorrentes como NVIDIA e AMD, que há anos seguem um ritmo acelerado de inovação no setor.
A ideia é que novas arquiteturas de IA sejam apresentadas a cada 12 meses, fortalecendo a presença da companhia em um mercado onde, até então, sua atuação era vista como incerta.
Porém, a Intel disse que o primeiro grande destaque desse novo ciclo será uma GPU otimizada para tarefas de inferência, ou seja, o processo de aplicar modelos de IA já treinados para gerar resultados em tempo real.
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A expectativa é que mais detalhes sejam revelados ainda neste ano, durante o evento OCP (Open Compute Project). Segundo o diretor de tecnologia da Intel, Sachin Katti, o foco agora é alcançar um ritmo previsível de lançamentos, com GPUs pensadas desde o início para escalar soluções de IA de forma eficiente. Nas palavras dele:
"Estamos trabalhando em uma GPU otimizada para inferência, com maior largura de banda de memória, grande capacidade e excelente desempenho para aplicações em nuvem e inferência em nível corporativo. Enquanto isso, a camada de software permanece exatamente a mesma."
Além da nova GPU, a Intel confirmou que Jaguar Shores (JGS) será a principal aposta da empresa para infraestrutura de IA de alto desempenho.
Essa plataforma substitui a linha Falcon Shores, que acabou sendo cancelada para dar espaço a um projeto mais abrangente.
A nova geração incluirá soluções em escala de rack e deve contar com memória HBM4, um padrão avançado que aumenta a largura de banda e melhora o desempenho em cargas de trabalho intensivas.
O desenvolvimento da GPU otimizada para inferência também pode representar uma fusão entre os segmentos de consumo e IA da Intel, ou até mesmo a criação de uma nova série de chips.
Há rumores de que a empresa prepara um chip de IA de baixo consumo voltado para tarefas de inferência, e segundo Katti, o foco será oferecer alta capacidade de memória.
Nesse contexto, especialistas especulam que a Intel pode combinar a arquitetura Battlemage com módulos GDDR7, mas isso ainda não foi confirmado oficialmente.
A mudança para um ciclo anual de produtos chega em um momento estratégico, mas também desafiador. A NVIDIA e a AMD estão de três a cinco anos à frente da Intel no segmento de IA, o que torna a competição intensa.
Além disso, a linha Gaudi, atual plataforma de IA da empresa, ainda não conquistou grande adoção fora da própria Intel.
Isso mostra que a companhia terá um longo caminho pela frente para consolidar sua presença nesse mercado em rápido crescimento.
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Com essa nova abordagem, a Intel busca recuperar relevância e mostrar que está disposta a se adaptar às demandas de um setor em constante evolução.
A aposta em lançamentos anuais e em produtos mais especializados pode ser o primeiro passo para reposicionar a marca como uma concorrente sólida na corrida da inteligência artificial.